A arte leva a escolher melhor os caminhos ou os caminhos levam a escolher melhor a arte? O caso Janis Joplin





“Like most girls I’m always really self-conscious about do I look fat, if my legs are short, if I’m weird shaped, but when I go on stage, man, it never occurs to me. I think I look beautiful.” Janis Joplin


(Poderíamos escrever volumes sobre os motivos pelos quais as pessoas não apenas apreciam arte, mas se tornam parte da arte pela criatividade, talento, exploração das suas dimensões interiores. Pobre Janis, we do miss you. Cantava provavelmente porque era das poucas coisas através da qual lhe reconheciam mérito, lhe dirigiam atenção. Chegou a ter a alcunha de "o monstro". Era uma mulher fisicamente feia, com marcas na pele da cara, um nariz exagerado, modos masculinos. Diz quem privou com ela que tinha muito bom coração. No final dos concertos costumava pedir às pessoas para conduzirem com segurança até casa. Morreu como muitos heroímanos morrem, durante uma recaída. Muitos poucos ou poucas, todavia, cantaram no século XX como ela cantou. Quanto aos motivos, já me tinha interrogado sobre o mesmo a propósito do bom velho Dustin Hoffman que há vários anos repete para quem quiser ouvir que o único motivo porque foi para actor foi para sacar gajas conhecer mulheres. Mas há mais questões em aberto. Van Gogh, nas suas cartas ao irmão Théo, admite várias vezes a sua loucura. Chaplin, mente totalmente criativa, que transformou para sempre o cinema tornando um prazer de alguns afortunados num fenómeno de massas que se mantém até hoje, um gajo que afirmava "dêem-me uma rapariga bonita, um polícia e um parque e eu farei um filme", precisava da arte provavelmente pelo mesmo motivo que Caravaggio, esse homicida confesso: para fugir de si mesmo, péssimos seres humanos que eram os dois. Podíamos também falar de Billie Holiday, que muitos dirão ser a maior de todas as divas, e que antes de se afirmar como cantora era apenas prostituta e alcoólica. Em que ficamos? Corremos para a arte ou a arte corre para nós? Não é importante. E no mais (!) quiçá não seja sequer importante. No final do dia, passando a vida demasiado depressa para todos, guardamos nas nossas mãos apenas a criação.)
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