Ecos do Passado


ROMANCE CONTEMPORÂNEO

Num passado distante,

o coração de Cibelle experimentou a maior de todas as dores. Intriga e ciúme a destruíram, bem como a todos aqueles a quem amava. Sua infinita mágoa a mantinha cativa, incapaz de esquecer.
Mas o destino lhe ofereceu uma nova chance, sem que Cibelle se desse conta disso, na forma de uma mudança de emprego, em outro país.
Como a voz de um anjo que lhe inspirasse bons conselhos, seu instinto dizia que ela devia aceitar.
E Cibelle partiu confiante, como se em seu coração tivesse a certeza de que aquele novo caminho a libertaria das mágoas do passado, levando-a a descobertas surpreendentes... talvez ao encontro de um grande amor!


Capítulo Um
— Aqui estamos, Valentina. Até que enfim. Só espero que nenhuma de nós venha a ter problemas com o clima da Irlanda.
A linda gata malhada, no banco de trás do automóvel, encarou a dona com seus plácidos olhos verdes e pôs-se a limpar as orelhas, muito tranquila.
Cibelle Dorrerty desceu do carro, deixando a porta aberta para que Valentina pudesse saltar, se quisesse. Caminhou alguns passos em meio à vegetação, até onde seus saltos altos permitiam, e foi observar o mar. Inalou o aroma quente e salgado do oceano, que banhava os pés do penhasco.
Era estranho que experimentasse aquela forte sensação de melancolia, visto que jamais estivera naquele país. Não era tristeza, mas algo muito próximo de saudade.
— Na certa ter ficado tanto tempo naquele hotel de segunda categoria me deixou descompensada. Só pode ser isso. Retornou ao veículo. Valentina continuava com sua toalete.
— Bem, amiguinha, vejamos o que nos aguarda. Espero que a sra. Johnson não esteja muito brava comigo. Vou entrar para falar com ela, depois virei buscar você.
Cibelle trancou o carro, tomando o cuidado de deixar uma fresta de janela aberta para a gata não sentir calor, e caminhou até o enorme portão de ferro. Como estava destrancado, entrou na propriedade e seguiu até a porta principal. Era uma casa típica daquela região, com uma varanda contornando toda a construção, mas não a entrada. Se chovesse, o visitante teria de aguardar para ser atendido embaixo d'água. Ou sob o sol escaldante, no verão.
Tocou a campainha. Uma mulher de meia-idade, robusta e sorridente, veio atendê-la.
— Pois não?
— Boa tarde. Sou Cibelle Dorrerty, a enfermeira contratada pela sra. Johnson.
— Mesmo? Ela me falou algo a respeito, mas... Bem, a sra. Johnson está na biblioteca. Siga por aquele corredor e vire à esquerda. Já terminei meu serviço por hoje, sabe? A propósito, meu nome é Sônia. Trabalho aqui três vezes por semana. Foi um prazer conhecê-la.
— O prazer foi meu, Sônia. Até breve.
Assim que Sônia se foi, Cibelle conferiu sua aparência no espelho do hall de entrada. Os cabelos vermelhos continuavam em ordem, pois mantivera levantados os vidros do automóvel. A roupa não amarrotara tanto assim.
Fora esperta e optara por calça e blusa de um tecido que não amassava. "Que Deus me ajude!" Seguiu pelo corredor e bateu na porta indicada.
— Quem é?
— Cibelle Dorrerty, sra. Johnson. A enfermeira. Silêncio.




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