A Rosa Dourada


ROMANCE CONTEMPORÂNEO






Uma viagem interrompida, um brusco desenrolar de acontecimentos...

"Nós vamos nos casar, princesa." Muda pelo espanto, Frances fitou o rosto do sequestrador, tentando assimilar o significado daquela afirmação. Casar?
A palavra dançava em sua mente confusa. Que benefícios ele tiraria de tal arranjo?
Ela era pobre, e o fato de ser a tutelada de um político rico e influente não significava que fosse tornar-se sua herdeira. O motivo não era dinheiro, mas qual? Teria que descobrir logo, antes que fosse tarde para deter o rumo alucinante dos acontecimentos!

Capítulo Um

O carro havia parado. Frances tomou consciência de uma conversa ao longe, vozes elevadas em meio a uma ordem enérgica, e se esforçou para despertar do sono pesado em que mergulhara. Não era de admirar que houvesse adormecido no banco traseiro da limusine que a tinha apanhado no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Passara a noite em claro no quarto simples do convento em Salvador, tomada por um misto de excitação e medo pelo futuro que a aguardava. Nem mesmo durante o voo de mais de duas horas vindo da Bahia, tinha conseguido relaxar. Apenas o conforto do luxuoso automóvel que seu tutor enviara para conduzi-la até sua casa de campo, nos arredores de Campinas, somado ao calor úmido do verão brasileiro a fizeram sucumbir ao cansaço. — Vossa Excelência... Foi o timbre autoritário e profundo de uma voz de homem, mais do que o toque firme em seu braço, que penetrou no sono de Frances, despertando-a para a realidade. — Ah, perdão... — A desculpa saiu rouca, enquanto num impulso automático de vaidade ajeitava os fios de cabelo dourado, que lhe tinham escapado do coque. Uma onda de expectativa a inundou diante da oportunidade de ver a mansão, onde assumiria o papel de governanta e dama de companhia para o homem que a havia tirado dos subúrbios de São Paulo. Ainda sonolenta, deixou-se guiar para fora do carro. Foi ao olhar ao redor que ela se deu conta de que algo estava errado... Muito errado. A limusine tinha parado ou fora forçada a isso? Numa estradinha estreita ladeada de árvores, entre algumas montanhas e um bosque. Não havia sinal de civilização, muito menos de uma casa de campo. Combatendo o temor que lhe paralisou a respiração por um segundo, Frances absorveu a cena à sua volta, lívida. A alguns metros do automóvel, o motorista encontrava-se de costas, preso contra rochas por dois homens, cujos rostos mostravam-se estrategicamente ocultos por lenços. Em choque, ela apenas se voltou para encarar o estranho que a mantinha cativa, quando o sentiu apertar seu cotovelo, num aviso. E, assim que o fez, a surpresa a fez entreabrir os lábios, aturdida. Ao contrário dos outros dois bandidos, o que certamente eles eram, este não se encontrava mascarado. Os olhos escuros que fitavam os dela eram castanho-escuros, emoldurados por cílios longos e sobrancelhas bem desenhadas no rosto moreno e de incomparável beleza. Uma beleza exótica num homem que não passava dos trinta anos. Nos segundos que durou a avaliação, Frances teve a sensação de estranhamento, como se estivesse diante de um ser até então desconhecido.

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