Homem de Gelo


ROMANCE CONTEMPORÂNEO

Jenny decidiu odiar Richard King pelo resto de sua vida.

Não podia confiar num homem que ora a agredia com palavras ofensivas, ora a tratava com beijos e carícias.
Que espécie de homem era ele, afinal? Era um chefe exigente, frio como gelo, cruel a ponto de fazê-la sentir-se apenas uma humilde peça da complicada engrenagem que movia a empresa jornalística onde trabalhavam.
Fora dali, no entanto... ah, como ele sabia ser gentil e carinhoso, como arrancava gemidos de prazer de seus lábios!
Nos braços de Richard, Jenny era bem capaz de perder o juízo e entregar-se inteirinha, mesmo que depois tivesse que derramar lágrimas amargas. Era preciso reagir antes que fosse tarde demais!

Capítulo Um

O clima era agradável em Surfers Paradise, uma espécie de Havaí australiano. Jenny Brevan se bronzeava, estirada sobre uma pequena duna de areia perto de umas palmeiras, numa parte isolada do Pacífico.
Estreava um biquíni de cetim cor-de-rosa, menor do que qualquer outro que já usara. Por isso, procurara um lugar afastado, para ficar longe dos olhares curiosos dos banhistas. Sentada na areia com suas longas e belas pernas estendidas, ela contemplava a paisagem, enquanto pensava em como era bom ter apenas vinte e três anos e sentir-se cheia de vida.
Preparava-se para passar mais um pouco de loção na pele avermelhada, quando um cachorrão peludo apareceu, espalhando areia por todos os lados. Atirou-se sobre suas pernas e entregou-lhe uma bermuda de homem.
Jenny enxotou-o, pegou a bermuda e levantou-se para sacudir a areia que havia caído sobre a toalha. Vendo isso, o cachorro deitou-se a seu lado, aguardando o agradecimento pelo presente que lhe trouxera.
Irônica, ela sorriu e ergueu a bermuda, dizendo:
— Obrigada. Era exatamente o que eu precisava. — E deu um tapinha nas costas do animal.
De repente, uma sombra a encobriu e uma voz masculina bradou:
— Bonito! Por que não dá um osso ao seu vira-lata?
Com as sobrancelhas franzidas, Jenny virou-se para encaná-lo. Era um homem alto, bronzeado, de cabelos castanhos e ondulados. Estava com um calção de banho branco o uma camisa azul, desabotoada até a altura do peito. Possuía traços fortes e olhos azuis bem penetrantes. Parecia furioso.
Lentamente, ela se levantou, parando com os pés afastados e as mãos nos quadris, pronta para se defender. Como era jornalista do Sun, tinha muita facilidade em usar as palavras. Na verdade, possuía um vasto vocabulário. Só não respondera de imediato àquela agressão, porque queria escolher a melhor resposta.
Quando estava pronta para falar, o homem se agachou e puxou a toalha por sob o cachorro, fazendo o animal sair correndo, com o rabo entre as pernas.
Ficando em pé novamente, ele deu um nó na toalha e resmungou:
— Pessoas como você deviam ser proibidas de trazer animais à praia. Enquanto se tosta ao sol, seu vira-lata fica por aí, roubando a roupa dos outros!
Ele embolou a toalha e arremessou-a contra o cão, como se fosse uma bola de basquete. Acertou-o de leve, fazendo com que o animal fugisse ganindo. Pegou a bermuda e sacudiu-a para tirar a areia. Olhou para Jenny, ainda boquiaberta, e comentou com ironia:
— Você devia tomar mais cuidado com o bronzeado, ou estas partes brancas vão ficar muito queimadas.
Pela primeira vez, ele pareceu sorrir, ao apreciar a beleza daquela moça com um biquíni tão pequeno.





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