O Tigre Branco


ROMANCE CONTEMPORÂNEO
Como confiar num homem de passado duvidoso?

Como confiar num homem que não sabe o que é amar?
C. J. Perkins tem diante de si o quadro que acabou de pintar.
O tom predominante é verde, como os olhos de Darius Kane.
A pintura retrata um casal se amando, tendo como cúmplice uma imensa floresta. Ela estremece.
As lembranças são vividas demais. De repente está de novo nos braços de Darius, a chuva batendo contra suas peles nuas. E o prazer que sente é imenso, pleno, cheio de esperanças.
C. J. toca de leve os próprios lábios que ainda guardam o sabor de Darius. Mas a realidade se impõe. Não está mais na Malaísia.
Os momentos de amor que lá vivera acabaram definitivamente. Darius saiu de sua vida. Para sempre!

Capítulo Um

— Ousam dizer que são da polícia? Então como é possível que não saibam nada sobre meu irmão?
— Olhe, Srta. ... hã, Perkins. — O policial meio careca, de rosto vermelho, ergueu lentamente os olhos do jornal aberto sobre o balcão, enxugou o suor da testa com um lenço que algum dia fora branco e só então resolveu responder: — Estamos tentando ser compreensivos, estamos tentando ser razoáveis, mas a cada ano são centenas de turistas americanos que vêm para cá, seja para espiar a China da fronteira de Hong Kong, seja para visitá-la em pequenos grupos bem protegidos por agências de viagens. Não pode esperar que nos lembremos de um indivíduo. Passe bem, Srta. Perkins.
C. J. Perkins cruzou os braços e, impaciente, fuzilou com o olhar o homenzinho, que voltou a mergulhar nos escândalos mais recentes descritos no jornal que tinha nas mãos. Ao meio-dia o posto policial de Luchow, em Hong Kong, estava tranqüilo, e o calor e a umidade, fortes o suficiente para manter os encrenqueiros dentro de casa e deixar a cidade fronteiriça descansar entre duas ondas de crime. Apenas o zumbido ritmado do ventilador do teto e os insetos batendo contra as telas das janelas quebravam o silêncio enfadonho.
O policial ergueu os olhos cheios de desprezo para C.J. e retomou a leitura.
Ela fez uma careta, sem sair de onde estava, esperando que ele fizesse alguma coisa, qualquer coisa. Uma mecha de cabelos castanhos e lisos escorregou-lhe pela testa e foi prontamente presa por trás da orelha. Depois, suspirou, frustrada. Só havia uma maneira de lidar com aquela gente, decidiu. Afinal, tinha um irmão desaparecido! Havia tentado ser doce, paciente e compreensiva, sem nada conseguir. Sabia que se fosse coquete, o fracasso seria inevitável.
Estava na hora de agir de verdade!



  • Love
  • Save
    Add a blog to Bloglovin’
    Enter the full blog address (e.g. https://www.fashionsquad.com)
    We're working on your request. This will take just a minute...