Em um minuto, a contadora Audra Greene, está fazendo orçamentos e no seguinte está trocando as fraldas para o atraente milionário Dominic Manelli. O magnata Dominic Manelli precisa de ajuda para cuidar do sobrinho órfão, e sabe exatamente a quem perguntar, à confiável Audra Greene. Ele sabe que vida de playboy vai acabar partindo o coração de Audra, e que ele não deveria se envolver com a sua babá, mas a cada olhar, cada toque e sorriso, estão fazendo com que Dominic queria trocar as noites na cidade pelos momentos com Audra e o bebê Capítulo Um O prédio de três andares da empresa de organização de casamentos Wedding Belles, no coração de Boston, estava sempre movimentado. Naquela sexta-feira, porém, o número de pessoas e o barulho que criavam haviam atingido novos níveis. Noivas — acompanhadas por suas atendentes e mães ansiosas — enchiam os escritórios e saíam pelos corredores. O aroma de bolo de chocolate pairava no ar. Uma profusão de cores se esparramava, abrangendo desde vestidos de gala a arranjos de flores e enfeites de mesas de festa. Os paetês nos vestidos de noiva e véus brancos faiscavam sob o sol da manhã que, embora fraco, filtrava-se pelas janelas e refletia-se nos bordados, lançando lampejos de luz pela recepção, pelos corredores e escadarias. Audra Greene, contadora da Wedding Belles, abriu caminho por um grupo de damas de honra risonhas que criavam um farfalhar de cetim e renda com seus vestidos. Ela contornou um outro grupo que escolhia entre vários tons de azul e um terceiro que provava vestidos em tons de rosa e lilás. O tempo todo, ia dizendo “olá”, “com licença” e sorrindo educadamente, enquanto subia até seu escritório no terceiro andar. Quando finalmente chegou lá, fechou a porta maciça de madeira e recostou-se nela com um suspiro. A assistente geral de cabelo ruivo e traços angelicais da empresa, Julie Montgomery, soltou um riso. — Parece uma selva lá fora. Retirando o casaco azul-marinho, Audra adiantou-se na direção de sua mesa de estilo antigo. — Na organização de quantos casamentos o pessoal está trabalhando? — Vejamos. Os casamentos de junho do ano que vem estão nas etapas iniciais de planejamento. As noivas de setembro estão finalizando os detalhes. — E as de abril estão entrando em pânico? — Audra pendurou o casaco no armário. Sentou-se em sua poltrona de couro marrom com as costas viradas para as cortinas esvoaçantes de seda amarelo-claras que davam ao escritório o ar elegante que adorava. Julie inclinou a cabeça para o lado, pensando a respeito. — A Wedding Belles gosta de pensar nisso como um aumento de oportunidades de último minuto. — Com um riso, voltou a lançar dados de faturas no computador para o pagamento das contas daquele mês. Audra sentiu um aperto no peito enquanto observava Julie. A assistente — e a Wedding Belles, aliás — não tinha motivo para verificar o mais recente depósito na conta da empresa e descobrir que, na verdade, era composto por cada centavo das economias de Audra. Ou para saber que a receita estimada para aquele ano não seria suficiente para cobrir as despesas do mesmo período. A diferença que faltava acabaria com a reserva de caixa da Wedding Belles e não haveria dinheiro o bastante para o casamento que haviam prometido a Julie. Mas Audra sabia. Ainda assim, não ligou o computador imediatamente para começar a preparar o e-mail para as demais “Belles” — como eram chamadas as diretoras — a fim de informá-las sobre as dificuldades financeiras da empresa. Precisava avisá-las, naquela manhã, antes que os planos de casamento de Julie prosseguissem. Mas não podia fazer aquilo diante dela. — Julie, você me faria um favor? Sempre prestativa, a assistente ergueu os olhos depressa. — Claro. — Eu deveria ter apanhado uma garrafa de água na cozinha, mas tenho de fazer outra coisa agora mesmo. É algo que não pode esperar...