Amor Maior que Tudo


ROMANCE CONTEMPORÂNEO

“Você foi avisada duas vezes. Pare de investigar a morte de Anne Trulane.”

Laurel Armand era uma mulher aparentemente frágil, mas estava determinada a provar que poderia ser uma grande jornalista investigativa.
Por isso, quando soube do assassinato de Anne Trulane, Laurel farejou uma boa pauta, e decidiu apurar os fatos. Matt Bates, seu rival na profissão, a desejava havia muito tempo.
Ao saber que Laurel tinha partido para os pântanos de Nova Orleans a fim de investigar o crime, ele decidiu que chegara a hora de se tornarem parceiros de ofício e também amantes.

Capítulo Um


Tumulto: telefones tocando sem parar; pessoas gritando, murmurando ou resmungando; sentadas ou caminhando.
O ruído metálico de máquinas de escrever soava em ritmos variados, vindo de todas as direções. No ar, o cheiro de café novo, pão fresco, fumaça de tabaco e suor. Um manicômio?

Vários dos seus ocupantes teriam concordado com aquela descrição da redação do New Orleans Herald, especialmente no limite para conclusão de matérias.
Para a maioria do pessoal, o caos reinante passava despercebido, como respirar, inalar e exalar o ar. Havia épocas em que cada um estava tão envolvido com as próprias crises ou triunfos diários, que mal prestava atenção nas dúzias de outros funcionários apressados ao redor. O trabalho em equipe não era ignorado.

Na comunidade exclusiva de jornalistas, eram todos unidos por amor ou por pura obsessão aos seus trabalhos.
Embora, cada um se concentrasse e protegesse sofregamente sua própria matéria, fontes e estilos. Um bom repórter prospera sob pressão, em meio à confusão e mantém o instinto farejador. Matthew Bates começara sua carreira em um jornal. Trabalhara em todos os setores, desde a entrega de jornais no Lower East Side em Manhattan, até se firmar na reportagem, como um repórter de destaque.
Nesse meio tempo, serviu café, tirou xerox, redigiu obituários e cobriu exposições de flores. A habilidade para farejar e destrinchar uma boa matéria não fora aprendida no curso de jornalismo.

Era um dom natural. Os anos de aulas bem planejadas, estudo e prática aperfeiçoaram o estilo e a técnica de um talento que lhe era tão inerente quanto a cor dos olhos.
Aos 30 anos, era despreocupadamente cínico, mas bem humorado em relação às mudanças e reviravoltas da vida. Gostava das pessoas sem alimentar ilusões sobre elas. Entendia e aceitava que os humanos eram ridículos em sua essência. Caso contrário, como poderia trabalhar em uma sala cheia de pessoas loucas, em uma profissão que constantemente expunha e explorava o pior da raça humana?
Após concluir a matéria que estava redigindo, chamou um boy e então se recostou no assento para descansar a mente, pela primeira vez em três horas.

Um ano atrás deixara Nova York para aceitar um cargo no Herald, querendo, talvez precisando de uma mudança. Era ansiedade, pensou. Estava ansioso por... Alguma coisa.
E Nova Orleans era uma cidade tão difícil e exigente quanto Nova York, com esquinas mais elegantes. Trabalhava no caderno policial e gostava do que fazia.

Era um mundo impiedoso. Assassinatos e desespero faziam parte dele e não podiam ser ignorados. O homicídio que acabara de cobrir fora insensato e cruel. Fora vida. Fora notícia.
Agora, tentaria expurgar do cérebro a morte da jovem de 18 anos. Objetividade vinha em primeiro lugar, a menos que quisesse tentar uma nova profissão. Contudo, precisou se esforçar para apagar da mente a imagem da menina e seu fim trágico.

Não possuía a aparência de um repórter experiente e determinado, e sabia disso. O fato de aparentar mais ser um surfista despreocupado do que um jornalista o aborrecia aos 20 anos de idade.
Agora, o divertia. Tinha um físico definido, sutilmente musculoso, mais propício a um jeans do que a um terno, com uma altura que só o fazia se destacar dos demais. Os cabelos loiros escuros caíam em ondas, desde as orelhas até o colarinho da camisa.
O que lhe conferia um ar de um homem tranquilo, que preferia ficar sentado na praia a pegar no batente. Com frequência, as pessoas que lhe davam fontes para notícias falavam livremente com ele, sem notar o homem sob a imagem.


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