Língua


Tela: The Useless Resistance (1770-73), Jean-Honoré Fragonard Eu não tenho vergonha da minha língua. Tome esta: amor. E mais esta: poente. E outra: labareda. Xeque-mate: cama. A língua dança na minha boca e estala suave nos dentes, vestida de vogais, consoantes, vírgulas subentendidas, exclamações ousadas: "Oh!", "Ah!, "Eia!". Não é universal, não é a mais falada, não precisa de biquinho, nem na ópera é usada. Mas é minha. Com sufixos e flexões que me embalam. E que uso feito massa pro bolo macio do entendimento, quando digo: "Esta hora é sua, cabra".

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