No entanto, minha consciência sempre me diz: não leve um livro apenas pela capa. Ok, não foi isso que eu fiz. Fiquei curiosa pelas palavras de Faíza Hayat depois da indicação de Juliana Gervason, em um de seus Tudo Junto e Misturado (
Algumas, poucas, leituras depois, eu resgato da estante o livro de título curioso e aparência belíssima. Comecei a ler despretensiosamente. As primeiras páginas possuem uma beleza incomparável, aliás, o livro todo é assim. Cheio de possíveis citações em livros, blogs, facebook e até tatuagem.
O que me sustenta é a beleza. Rezo ao deserto para que continue a receber-me; rezo ao mar, e em especial ao grande e sereno Oceano Índico, para que não deixe nunca de me consolar com a sua voz de espuma; rezo às papaias pela sua carne e às goiabas pelo seu perfume. Rezo ao deus indiferente dos gatos porque os fez magníficos e ao das baleias e das vacas pela sua mansidão. Sou mulher: rezo a tudo o que floresce e frutifica – nada que cante ou que dance me é indiferente. Nada que fira ou destrua me é semelhante. (Faíza Hayat)
Mas mesmo com a beleza da narrativa de Faíza, o livro não me prendeu logo de início. Porém as coisas começaram a mudar e a narrativa – que de início era mais reflexiva – começou a ganhar mais ação e quando a leitura passou para a segunda das seis partes da história eu não consegui mais largar o livro.
É surpreendente o que a mistura de arqueologia, religião, amor, escrita em línguas antigas, mistério e poesia pode fazer. Um livro que mesmo ao acelerar o ritmo da narrativa não perde a beleza e a delicadeza. Fiquei realmente emocionada com a escrita de Faíza e certamente quero ler outras coisas da autora. Esse foi seu romance de estreia, mas os próximos que virão estão na minha lista de espera para futuras ótimas leituras.
O evangelho segundo a serpente
Faíza Hayat
Editora Língua Geral
Coleção Ponta de Lança
144 páginas
Rating: ★★★☆☆