Anita Silvestre

LOOK & FEEL | Quando enchemos o armário mas o que queríamos era encher a alma.



O que é que aquilo que compras - e a maneira como compras - diz sobre o teu estado emocional? Nem sabiam que o que povoa o vosso armário tinha alguma coisa que ver com emoções? Pois tem sim senhora! Assim como o comer emocional de que se fala aqui, quando se utiliza a comida não apenas porque temos fome mas porque andamos mais stressadas, cansadas, ansiosas, etc., e um pão inteiro preenche o vazio emocional que nem damos conta que temos, também o nosso comportamento como consumidoras pode dizer muito do que se anda a passar na nossa vida.

A maioria das clientes que tenho recorre ao serviço de Closet New Look porque o armário já esgotou a lotação há muito. A confusão diária de saber o que vestir pode muito bem advir de se ter coisas a mais. Como digo muitas vezes, quanto mais peças temos no armário mais difícil é tomar a decisão ensonada acerca do outfit vencedor do dia. E, antes de me chamarem, como é que costumam tentar resolver o problema e sentirem-se melhor com as escolhas diárias? Ir comprar mais. Do mesmo, geralmente. A zona de conforto é mais forte e acabam por continuar a encher o guarda-fatos com a confusão de sempre.
Já tenho apanhado alguns casos de shopaholics moderadas. Viciadas em compras - assim como eu recorro ao chocolate em épocas de maior stress (ou no dia-a-dia mais normal de todos, a bem da verdade) - há quem recorra à amiga Zara. Right? Vá, admitam. A questão é que, por se sentirem desconfortáveis com alguma coisa, seja com o vosso corpo, o trabalho, a falta de tempo, os sonhos adiados, etc., etc., há quem recorra à adrenalina e à boa sensação que dá comprar uma peça nova e bonita para fazer sentir-se melhor. Mas o que vem depois? A culpa. Esse peso de toneladas que nos invade a consciência. Seja porque já nem há espaço no armário para guardar mais uma blusita ou porque o plafond do mês para gastos pessoais esgotou logo no dia 8. E como é que uma shopaholic resolve o desconforto da culpa? Com mais compras, nem mais. O que só aumenta a bola de neve.

Mas há solução. Primeiro, tentem identificar por que compram emocionalmente. O que é que vos incomoda? Já perceberam que sapatos novos não resolvem, então dediquem-se a pensar sobre o problema mas focando na solução, e escrevam as formas de o poderem solucionar. O que é que podem fazer por isso?
Depois, toca a atacar o armário e a minimizar para simplificar. Seleccionem o que realmente vos fica bem, aquilo que gostam de paixão e tudo o que seja versátil. Deixem ir o resto, que podem vender e até fazer algum dinheiro extra. Incorporem o mantra de que "menos é mais" e a ideia de que, com pouco, podem estimular mais a vossa criatividade e fazer a confusão desaparecer. Por fim, afastem-se da tentação e estejam presentes no momento. Comecem a almoçar num sítio novo, longe da Zara, preferencialmente. Mas se derem por vocês já na fila da caixa, sem nem saberem como lá foram parar, pensem: ‘preciso mesmo disto?’ ou ‘a sensação boa momentânea compensa o sentimento de culpa que sei que vou sentir a seguir?’

Aquilo que têm já é suficiente - saibam aproveitar o vosso closet da melhor maneira possível e apostem, sim, em encher a alma com aquilo que vos dá prazer, seja um passeio, ver um filme, uma conversa com amigos ou o abraço do filho. Tudo isto gratuito e guilty free.

(Post originalmente publicado no blog Dieta das Princesas.)

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