TODAY’S SOUND: KIM GORDON – GIRL IN A BAND: A MEMOIR POR ARTHUR MENDES ROCHA

No mês passado, foi lançada a autobiografia ‘Girl in a band: A memoir”, de uma das grandes roqueiras da cena alternativa americana: Kim Gordon.

Kim ficou conhecida na cultura pop como a baixista cool da banda Sonic Youth, um dos bastiões do indie rock americano, surgidos no início dos anos 80.

Na sua biografia, Kim fala de detalhes importantes de sua vida e que até então pouco se sabia, já que ela sempre foi uma artista reservada.

Ela é considerada influência definitiva em bandas femininas como as das Riot grrrls nos anos 90.

Um dos principais temas é o fim de seu casamento com Thurston Moore, o líder do Sonic Youth e com o qual foi casada durante 27 anos, sendo que eles eram considerados o casal 20 da cena indie, tendo rompido em 2011.

O livro começa com ela falando do final do casamento, de como toda uma parceria musical e uma cumplicidade entre os dois foi terminando.

Kim fala da turnê final do SY, justamente no Festival SWU (em São Paulo); da dificuldade de dividir o palco com o agora ex-marido e interpretar canções que os dois haviam composto juntos como ‘Cotton Crown”.

Ela declara que nesta noite em SP, nunca se sentiu tão sozinha em toda sua vida e afirma: “Os festivais de música são como versões musicais de um esquisito quadro doméstico”.

Kim também fala de como foi contar para sua filha Coco sobre a separação, antes da imprensa divulgar, antes de chegar aos ouvidos dela da maneira errada, tudo isto ela disseca no livro.

A banda atravessava ótima fase profissional; o último disco,‘Eternal”, bem colocado na parada, um novo membro na banda (Mark Ibold, do Pavement), canções inspiradas- assim o final do grupo pegou todos de surpresa.

Na verdade, Thurston já estava vivendo um romance extraconjugal com a editora Eva Prinz, sua sócia na editora Ecstatic Peace Library, mas nem a própria Kim ainda sabia disto (no livro ela se refere à Prinz como “a mulher”).

No livro ela fala de como ficou tentando salvar o casamento durante um ano, incluindo telefonemas, emails, mentiras e ultimatos e que ela estaria se transformando numa espécie de mãe de seu então marido.

Ela veio a descobrir tudo em uma manhã, em 2010, quando viu mensagens da amante no celular do marido, contando detalhes de seu romance; “foi um pesadelo do qual você não quer acordar” diz Kim.

Mas o bafo continua, com ela contando como Thurston afirmava que desejava voltar para a família até ela descobrindo fotos eróticas, encontros furtivos em hotéis, vídeos do marido e amante, a ponto de Kim se perguntar como o marido foi se deixar envolver desta maneira.

Ela escreve: “se você pode realmente amar, ou ser amado, por alguém que esconde quem realmente é”.

Antes do Sonic Youth, Kim se formou em Artes e Design e foi quando fez uma performance musical com uma banda somente de garotas, é que pensou também em se dedicar à música.

Ela conheceu Thurston por esta época, formando com mais Lee Ranaldo e Steve Shelley, o Sonic Youth, e casando-se em 1984.

Ela também se dedica às artes plásticas, contribuindo com a revista Artforum, bem como lançando um livro de suas pinturas, ‘Performing/Guzzling”.

Foi através dela que Gerhard Richter foi parar na capa de ‘Daydream Nation’ e Raymond Pettibon para a capa de “Goo”.

Ela conta como foi vir para NY em 1980, dormir alguns dias no apartamento da artista Cindy Sherman, participar de uma banda que fazia um som mais experimental, nada convencional e que teve seu auge nos anos 90.

Além disso, Kim também se interessa por moda, participando como modelo de seu amigo Marc Jacobs, além de criar sua própria linha de roupas, a X-Girl.

Sobre questões da mulher, ela já colocou em músicas como a imagem do corpo feminino, que ela cantou em “Tunic”, feita para Karen Carpenter.

Kim é mais velha em seis anos que Thurston, sempre foi muito na dela, mesmo em suas entrevistas, mas no livro vemos que ela também enfrentou problemas para conciliar carreira, família, sucesso, liberdade; como qualquer ser humano normal.

Ela também conta como foi sua experiência vivendo em lugares como Hong Kong e Havaí, seu namoro com o músico Danny Elfman (do Oingo Boingo e autor das trilhas dos filmes de Tim Burton), a tentativa de Lydia Lunch seduzir seu então marido, e sua relação com o irmão mais velho, Keller.

Keller foi disgnosticado com esquizofrenia (que virou uma canção do Sonic Youth) e ela conta como isto afetou sua vida e sua arte: “a pessoa que mais que qualquer outra no mundo moldou quem eu era e quem eu acabei me tornando”.

Ela se pergunta no livro: ‘Serei eu fortalecida? Se você tem que esconder sua hipersensibilidade, você é realmente uma mulher forte”?

Todo seu círculo de amizades está no livro; de Chloë Sevigny (que participou do vídeo de ‘Sugar Kane”), passando por Spike Jonze (que começou sua carreira dirigindo vídeos para a banda), Kurt Cobain (descrito como uma mistura de fúria e gentileza assustadora), Courtney Love (que ela dá uma detonada), Jeff Koons e Billy Corgan (dizendo que ninguém gosta deles), Lana Del Rey (que nem sabe o que é feminismo), entre outros.

Ela fala de maneira clara de como as pessoas ao seu redor lhe serviram como inspiração e lhes fizeram ter a confiança para ela se expressar artisticamente.

Hoje Kim montou uma nova banda com o amigo Bill Nace, a Body/Head, fez exposição com a ajuda de Larry Gagosian e continua acreditando e amando o que faz: sua arte.

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