TODAY’S SOUND: MARIANNE FAITHFULL- A LIFE ON RECORD POR ARTHUR MENDES ROCHA

Esta semana, falaremos de artistas da música que tiveram suas biografias recentemente editadas ou filmadas, contando detalhes até então inéditos.

Hoje começaremos por Marianne Faithfull, a cantora cult surgida nos anos 60, que teve seu nome sempre associado aos Rolling Stones e que lançou no final do ano passado o livro “Marianne Faithfull: A Life on Record”.

Eu tive oportunidade de conhecer Marianne, quando esta esteve no Festival de Teatro, Porto Alegre Em Cena e eu fiz produção de palco, conversando muito com ela quando esta estava disposta.

Uma coisa ela sempre frisava quando águem iria fazer perguntas a ela: “Só peço que evitem falar da minha relação com Mick Jagger e os Rolling Stones”.

Marianne teve um grande vício em sua vida: a heroína. Mas no livro, ao invés de falar mal da droga, ela fala bem, declarando: ‘Eu penso que se eu não tivesse feito heroína, eu estaria morta. Eu teria me matado. Eu acho que esta me protegeu e me salvou de um destino pior que a morte. E eu apoio isto. Obrigado heroína. Eu não estou dizendo que é uma boa ideia. Eu tive muita sorte e é uma coisa arriscada de ser feita”.

Aos 67 anos, ela lançou um novo disco em setembro do ano passado, ‘Give my love to London”, bem recebido pela crítica e acaba de completar 50 anos de carreira.

No disco ela interpreta covers de Leonard Cohen, Hoagy Carmichael, entre outros, e canções novas como “Deep Water”, composta junto com Nick Cave.

Além disso, no disco há colaborações com Roger Waters, Brian Eno e Anna Calvi.

Marianne é constantemente associada com a cena da Swinging London dos anos 60; ela fez cinema num filme cult ao lado de Alain Delon, “A garota da motocicleta”, dirigida por Jack Cardiff (renomado diretor de fotografia britânico).

Além disso, ela gravou vários discos e filmou com outros cineastas, mais recentemente no cult “Irina Palm’, onde ela está muito bem.

Sobre a música “Sister Morphine”, que compôs com Jagger, ela fala: “Não é uma canção sobre drogas. É uma canção sobre um homem que sofreu um terrível acidente, e está no hospital morrendo e pede por morfina”.

Ela também protege os hippies, afirmando que estes foram utilizados como cobaias nos anos 60 e 70 para disfarçar escândalos envolvendo abuso sexual de menores. Ela afirma que os hippies foram retratados como diabólicos, quando na verdade não o eram. Ela cita escândalos como o de Jimmy Saville, famoso apresentador britânico que faleceu e agora teve seus atos de moléstia infantil revelados.

Recentemente, ela também revelou que sabia quem havia matado Jim Morrison; ela culpa o traficante Jean de Breiteuil, dizendo que em 1971 foi com este para Paris, onde Jim veio a falecer.

Jean teria ido ao apartamento de Jim e lhe vendido a dose fatal de heroína, que o matou. Mas como nenhum dos dois está vivo para contar, nunca saberemos ao certo.

No livro ‘A life on Record”, publicado pela Rizzoli, há diversas fotos inéditas do arquivo da cantora, além de cliques por fotógrafos famosos como Steven Meisel, David Bailey, Anton Corbjin, Bruce Webber, Robert Mapplethorpe, Helmut Newton, entre outros. Ela incluiu também cartas e letras de músicas.

Marianne foi descoberta numa festa pelo então manager dos Stones, Andrew Loog Oldhan, que a convidou para cantar “As tears go by”. O rostinho bonito mostrou que tinha voz e acabou conquistando as paradas e gravando discos.

Um dos fatos que mais a envergonha é de ter sido apanhada em uma batida da polícia na casa de campo onde estava com Jagger e Keith Richards. Segundo ela: ‘Isto estragou tudo para mim. Os anos 60 se transformaram em merda’.

O vício em heroína a levou para o fundo do poço, perdendo a guarda do filho Nicholas, sua casa e até uma tentativa de suicídio.

Numa foto icônica clicada por Cecil Beaton (abaixo), ela utilizou um leque de penas de pavão para disfarçar sua pele cheia de acne, detonada pela heroína.

No livro, ela declara que não se sente envergonhada de ser tão crua, direta e honesta, que este é o seu jeito de ser: “Mesmo que eu tentasse, eu não consigo me censurar de dizer o que eu penso, este é o meu jeito de ser. E quanto mais eu vou ficando velha, eu vou ficando mais assim. Isto se retrata nas minhas canções. Elas vão ficando mais claras, sem encheção de linguiça”.

No ano passado, ela sofreu uma queda que afetou seu quadril, depois de passar por cirurgia ela melhorou. Agora no início do ano, ela teve que cancelar várias apresentações, pois a dor havia voltado.

Torçamos para que Marianne se recupere e possa voltar aos palcos, bem como fazer novos filmes e lançar novos discos.

  • Love
  • Save
    Add a blog to Bloglovin’
    Enter the full blog address (e.g. https://www.fashionsquad.com)
    We're working on your request. This will take just a minute...