Dica de Filme | A Menina que Roubava Livros

Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler. (ou ver)

Tudo começa em Janeiro de 1939 (e vai até 1943, alcançando muito tempo depois). Liesel Meminger tinha nove anos, logo faria dez. Seu irmão acabara de morrer. Sua mãe não tinha condições de criá-la e logo ela estaria na casa de Hans e Rosa Hubermann, seus novos pais de criação. Mas ela não iria sozinha, ao entrar na nova casa carregava consigo o livro que roubara num momento de distração que o rapaz que enterrara seu irmão deixara cair na neve, O manual do Coveiro. Esse foi o primeiro de muitos do livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.

Assombrada pela morte do irmão, os pesadelos a perseguem; é na convivência com o pai adotivo que Liesel encontra conforto e segurança. Hans Hubermann é pintor desempregado que vive de bicos pela vizinhança, estudou durante um curto período de tempo, mas o pouco que sabe ensina a filha com suas lições de leitura. Além disso, toca um acordeão como ninguém. Rosa Hubermman, sua mulher rabugenta, vive por limpar e cuidar da roupa das famílias abastadas da região e mesmo com todos os xingamentos e irritação tem um grande coração que se vê preenchido com a chegada de Lisel.

Enquanto a menina que roubava livros se envolvia com a arte de aprender a ler e escrever, seus livros furtados e as brincadeiras com os meninos da Rua Himmel, a Alemanha nazista se transformava a cada dia num campo minado, dando trabalho dobrado à Morte.

Há outros personagens fundamentais nessa história, como Rudy Steiner, o melhor amigo e namorado que a garota nunca teve, que está sempre ao seu lado nas brincadeiras, confusões e muitos dos roubos. Ilsa Hermann, a mulher do prefeito, que cedia a biblioteca de sua casa para alimentar a paixão da menina – outra melhor amiga que tardou em ser reconhecida como tal. Ou Max Vandergurg, o judeu que passou tempos vivendo no porão da casa dos Hubermman, figurando aquele que Liesel lembraria até seu último dia de vida.

A Morte (narradora da história da roubadora de livros), perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto – e raro – de crítica e público. (via Skoob)

Nunca esperei tanto por um filme como dessa vez. Nem pelo contraditório “Os Miseráveis”, nem pelo aclamado “Anna Kariênina” que aliás, gostei muito.

A Menina que Roubava Livros foi uma das minhas leituras favoritas de anos atrás, acho que logo que lançaram já me joguei pra comprar o livro e comecei a ler de imediato, saindo da livraria. Talvez por se tratar de livros ou por retratar um pedacinho da Alemanha Nazista, talvez por envolver uma menina que passou por tantas provações, o fato é que a história de Marcus Zusak me cativou da primeira a última linha.

A história é narrada do ponto de vista da Morte, sim, aquela de capote e foice – embora ela mesma admita que prefere um “look” mais despojado. É ela quem determina quem vai sair e quem vai permanecer na vida de Liesel.

Eu pensei em contar tudo nos mínimos detalhes, mas pensei melhor e acho que não tem como vocês não assistirem, então, vou só falar das minhas impressões, ok?

As cenas são lindas, delicadas, comoventes e cheias de vida. O cenário é de uma fotografia surpreendente, a maior parte da história se passa em um vilarejo, numa ruazinha conhecida como Rua Paraíso. Liesel, interpretada por Sophie Nelisse, é uma encantadora e encabulada menina que ainda nem sabe ler e ao contrário do que a gente possa imaginar pelo título, sua paixão por livros foi despertada por um volume que na verdade ela guardou como lembrança do irmão. Quando o enterraram, deixaram cair esse livro ( O Manual do Coveiro), Liesel juntou e levou consigo, sendo este o seu primeiro roubo. Quando, no primeiro dia de aula, os colegas começaram a rir por ela não saber ler, ela chegou em casa decidida a aprender. Até então, tudo que fazia era admirar a capa e espiar uma foto do irmão, que guardava ali dentro.

Depois do episódio na escola, essa paixão foi sendo despertada na companhia do padastro que a ensinou a ler, à seu modo e com suas ferramentas, uma parede no porão e muito giz.

O segundo roubo foi quando os soldados nazistas fizeram uma fogueira para queimar todos os livros proibidos por Hitler. Ao final do “grande” evento, Liesel ainda ficou na praça, ela precisou jogar um livro – contra a sua vontade, para disfarçar uma simpatia inexistente pelo sistema – e quando todos foram embora, ela resgatou esse livro, ainda em chamas, correndo o risco de ser pega.

O fato de Liesel ser uma ladra de livros se deu também por um rapaz judeu que precisou se esconder na casa dos pais adotivos dela. Ele era um bom leitor, mas tudo que conseguiu trazer consigo foi um livro sobre Hitler. Ela começou a roubar mais livros quando sentiu necessidade de ler novas histórias ao seu novo amigo, que ficou doente. Assim, inclusive em meio a privação de alimentos, ela preferiu roubar livros à comida. Se alimentava e alimentava as pessoas a sua volta com histórias. Mesmo nos momentos mais tensos, quando os Ingleses invadiram a Alemanha e bombardearam inclusive o vilarejo onde vivia, ainda assim ela continuava lendo e contando suas histórias.

É lindo de ver quando Liesel começa a ler, a descobrir as palavras e a desvendar histórias, a paixão que surge, a vontade de ler mais e mais… E quando ela se depara com a biblioteca da mulher do prefeito, com todo aquele sem fim de livros, é um fascínio inocente, lindo, quem é apaixonado por livros sabe da sensação que estou falando.

Eu poderia citar algumas cenas, mas todas são tocantes, absolutamente todas nos fazem refletir, emocionar, questionar… Tanto com os pais adotivos quanto com Rudy (seu amigo e vizinho) e Max (o judeu que se esconde no porão da sua casa), a forma como eles estimulam a criatividade dela, o carinho, a forma como eles levam a vida mesmo em meio a guerra, a privação de itens básicos e até a necessidade de se mostrarem simpáticos ao Führer e a esse sistema!

Eu já falei pra vocês uma vez que não sou crítica de cinema, não me interessa se é uma adaptação hollywoodiana, se tem atores ingleses que precisam parecer alemães, se há ou não atores alemães, importa que me remeta à história do livro, me prenda e me cative de alguma forma.

A trilha sonora é linda e os trechos onde o padrasto de Liesel toca acordeão são apaixonantes. O filme me prendeu do início ao fim, não teve longas pausas, não se perdeu na narrativa, foi de uma suavidade até nas cenas mais tensas, foi doce nos momentos mais tristes.

É um filme que me marcou, assim como o livro, e que com certeza será revisto várias vezes. O fato de mostrar um período delicado da história mundial, da Segunda Guerra, do Nazismo e das atrocidades praticadas pelos soldados nazistas, pelo preconceito contra os judeus, pela violência com que foram tratados nessa época, tudo isso, por mais que deixe a desejar se comparado à outros filmes que retratam a mesma época, ainda assim é um belo filme, um lado poético e inocente, uma visão doce e quase tranquila do futuro mesmo em meio à guerra, mesmo com tantas perdas e perante toda a barbárie que foi testemunhada por quem viveu naquele período.

Bem, acho que no final das contas não consegui atingir minha meta de não narrar muitas cenas, mas valeu a pena. Valeu a pena ler, assistir, comentar e contar pra vocês as minhas impressões… Me contem as impressões de vocês também!

O Trailer – para quem gostou do livro, com certeza vai identificar várias cenas e matar as saudades, assim como eu, dessa menina cativante.

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