TODAY’S SOUND: EARTH, WIND & FIRE POR ARTHUR MENDES ROCHA

E finalizando nossos posts de funk, hoje falo de uma superbanda que arrasou nos anos 70 e 80 e cuja música é uma mensagem de união e harmonia, com sofisticados vocais: o Earth, Wind & Fire.

No início da década de 70, a música negra ainda buscava sua identidade, com tantas influências da cultura africana, o R&B tinha um pouco de tudo: funk, jazz, gospel, soul, blues, rock, dance.

O EWF tinha o funk como principal base e com os gêneros já citados, mais música africana, rock psicodélico, folk e disco, criou o seu característico som.

O grupo foi uma ideia de Maurice White, líder da banda e que, aos seis anos, já cantava em um coro da igreja gospel, mas que logo se interessou por percussão.

No ginasial, ele começa a treinar a bateria e a participar de gigs para artistas como Booker T. & the MGs.

Logo, ele se muda para Chicago até conseguir emprego como percussionista no estúdio da Chess Records, a excelente gravadora de blues, que tinha no seu cast artistas como Etta James, Willie Dixon, Fontella Bass, Sonny Stitt, entre outros.

Lá ele conhece Ramsey Lewis e passa a fazer parte do Ramsey Lewis Trio, em 1967, quando substitui Redd Holt.

Com Lewis, ele aprende importantes noções que mudarão sua visão da música, como se comportar no palco, bem como conhecer novos instrumentos.

Um destes instrumentos foi o kalimba, uma espécie de piano de origem africana que se tornará um elemento importante em seu futuro musical.

Em 1969, ele deixa o trio de Lewis e monta o seu próprio trio com os amigos Wade Flemons e Don Whitehead, escrevendo canções e músicas para comerciais de TV.

Eles finalmente conseguem um contrato com a Capitol Records e passam a gravar como os Salty Peppers e lançam o single “La La Time”, com Maurice nos vocais e percussão e Flemons e Whitehead nos vocais e teclados.

Com uma mudança de gravadora e cidade, agora eles estavam em Los Angeles e gravando pela Warner. Mas a principal mudança foi o nome, agora eles passavam a se chamar Earth, Wind & Fire (terra, vento e fogo), os três elementos dos signos astrológicos.

A troca de nome foi um golpe de mestre de Maurice, com a banda englobando mais atributos como composição, performance, produção. Além disso,a banda aumentava sensivelmente de tamanho com a adição de Michael Beal (guitarra), Leslie Drayton, Chester Washington e Alex Thomas (sopro), Sherry Scott (vocais), Phillard Williams e Verdine White (baixo).

Os primeiros álbuns foram lançados em 1970 e 1971, intitulados “Earth, Wind & Fire” e “The Need of Love’, sendo que este último colocou o primeiro single deles na parada R&B, “I think about lovin’ you”, que já mostra a harmonia vocal do grupo:

Em 1971, eles também participam da trilha do filme ‘Sweet Sweetback’s Baadasssss Song”, de Mario Van Peebles, considerado um clássico do cinema independente americano.

Porém, Maurice não estava contente com o rumo que a Warner estava dando à sua carreira, já que os tratava como um grupo de jazz e não era isso que eles queriam. Assim, ele desmonta o line-up original e decide por uma nova formação que inclui Ronnie Laws (sax) e Phillip Bailey (vocal), entre outros.

Depois de vê-los em um show, Clive Davis, que na época era presidente da Columbia, compra o passe deles e eles lançam seu primeiro disco pela nova gravadora, “Last days and time”, em 1972.

Apesar de não ter tido sucesso comercial, os shows da banda vão tendo reconhecimento do público, ainda mais com os efeitos especiais. Na equipe dos efeitos estava o então desconhecido David Coperfield (que viria a se tornar um mágico famoso).

Em 1973, eles lançam o álbum “Head to the Sky”, que atinge o 27º lugar na parada R&B e lhes dá o primeiro disco de ouro, embalada pela música que dava nome ao álbum:

O próximo álbum, “Open our eyes”, de 1974, foi o primeiro a atingir o disco de platina e originou o hit que dava nome ao disco, bem como “Mighty Mighty”:

Tudo isto moldado pela produção de Charles Stepney, usual colaborador da banda e que tornou o som deles de maior aceitação com o público, lhes dando mais sofisticação, além de arranjos elaborados, como vemos nesta apresentação de 1974:

Em 1975, enquanto descansava no retiro Caribou Ranch, Maurice teve a inspiração para “Shining Star”, incluída na trilha do filme “That’s the way of the world”, com as músicas do filme compostas por eles e estrelando Harvey Keitel.

Maurice, achando que o filme poderia fracassar, resolveu lançar o disco como o próximo da banda; o filme foi um fiasco, porém o álbum foi um sucesso, indo para o primeiro lugar e lhes trazendo o primeiro Grammy. A música que dava nome ao álbum também foi bem executada:

O próximo álbum, “Gratitude”, vai direto para primeiro lugar, incluindo “Sing a song” e ‘Can’t hide love” (aqui num remix dos Masters at Work):

O próximo disco, ‘Spirit”, incluía o hit ‘Getaway’ e foi o último álbum produzido por Stepney, que faleceu de um ataque cardíaco.

Enquanto Maurice produzia álbuns para The Emotions (“Best of my love”) e Deniece Williams (“Free”) e também colaborava com Ramsey Lewis em seus álbuns.

O novo álbum do EWF de 1977, “All n’ all”, foi direto para o terceiro lugar, puxado pelo hit “Fantasy”, uma de suas músicas mais emblemáticas.

O disco contém arranjos feitos por Eumir Deodato, como em “Brazilian Rhyme”:

Nesta época, os shows deles ficam cada vez mais superproduzidos, com muitas referências egípcias (a começar pelas capas de seus discos), místicas, cheio de mágicas, pirâmides voadoras e que “engoliam” os músicos, explosões, além de figurinos extravagantes, coloridos, robes africanos, enfim, um verdadeiro espetáculo teatral.

Estava na hora de lançar uma coletânea de sucessos, e o EWF soltou “The Best of vol. 1”, incluindo as inéditas: “Got to get you into my life”, cover dos Beatles e incluída no filme “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, cuja cena vemos abaixo:

E também “September”, um dos maiores hits de sua carreira e que havia sido composta para uma campanha da Unicef:

Em 1979, mais um grande hit com o álbum ‘I am” e a faixa “Boogie Wonderland”, um hino de amor á disco music com participação das meninas do The Emotions:

No álbum também estava a dançante “In the Stone”:

Em 1980, eles fazem show no ginásio do Maracãnazinho, no Rio de Janeiro, que deu origem a um excelente disco ao vivo que captura um pouco da comoção que o show gerou, “Live in Rio”. Abaixo, imagens com má qualidade deles cantando “Can’t let go”, mas vale a pena conferir a animação deles e do povo:

Em 1981, eles lançam o mega sucesso “Let’s Groove” que bomba nas pistas e nas paradas e cujo vídeo cheio de efeitos vemos abaixo:

Depois de mais dois álbuns, a banda resolve dar uma relaxada e se dedicaram a outros projetos, sendo que Maurice lança um disco solo (bem como Philip Bailey), além de produzir artistas como Barbra Streisand, Jennifer Holiday e Neil Diamond.

Mais álbuns se seguem, mas os hits vão diminuindo para o grupo, mas isto não os mantém fora de shows pelo mundo a fora.

Em 2000, eles são incluídos no Rock n’roll hall off ame, reunindo a formação original dos aos 70 para receberem a honraria.

Hoje em dia, Maurice, que foi diagnosticado com a doença de Parkinson, não faz mais shows com a banda, que continua se apresentando. Mas sua presença estará sempre com eles, como uma constate referência e inspiração.

Foram mais de 80 milhões de discos vendidos, além de sete Grammys e 40 Music American Awards.

A influência do Eart, Wind & Fire é fundamental para a música pop, além do funk, disco, R&B, sendo constantemente revisada por DJs, sampleada e resampleada para continuar a fazer todo mundo dançar com estes grooves eternos.

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