TODAY’S SOUND: NILE RODGERS POR ARTHUR MENDES ROCHA

Anos depois de ter sido rechaçada por reacionários no final da década de 70, a disco music voltou e desta vez para ficar. Influenciando os mais diversos produtores, ela voltou reeditada, com novos rótulos (nu-disco) e trouxe de volta produtores que andavam sumidos. Esta semana falaremos de alguns que voltaram e outros que já se foram, mas cuja influência continua cada vez mais viva.

Hoje falaremos de Nile Rodgers, lendário produtor e membro do Chic Organization, liderando a banda Chic e produzindo artistas que vão de Madonna a Diana Ross, de David Bowie a Duran Duran.

Nile é sinônimo de boa música, de produções elaboradas, de sucessos das pistas e das paradas, graças a seu toque musical já dançamos e compramos músicas que tem o seu dedo, a sua sensibilidade e principalmente aquele groove contagiante.

Nile teve uma infância simples, mas seus pais tinham amigos como Thelonius Monk e Andy Warhol, ou seja, o jazz e a arte já rondavam a vida dele desde pequeno.

Seu pai foi forte influência, pois era amigo dos beatniks e ensaiava sua percussão, mostrando a seu filho a riqueza de ritmos como os afro-cubanos.

Até membro dos Black Panthers (Panteras Negras), ele foi em sua juventude.

Nile resolve estudar primeiro o clarinete, até descobrir a guitarra, que ele aprende com a ajuda de Ted Dunbar e Billy Taylor, ambos feras do jazz. Ele chegou até a tocar com Jimi Hendrix, antes de formar a sua primeira banda, New World Rising.

Seu primeiro trabalho de maior destaque foi no Sesame Street (Vila Sésamo) com a banda de Joe Raposo.

Logo em seguida, ele integra a banda do famoso teatro Apollo, onde ele toca na banda de apoio de astros como Aretha Franklin, Ben E. King (recentemente falecido), Parliament-Funkadelic, Screamin’ Jay Hawkins, entre outros.

Em sua banda seguinte, a Big Apple Band, ele conhece seu futuro amigo e frequente colaborador: o baixista Bernard Edwards.

Como já havia uma banda chamada Big Apple, eles se unem ao baterista Tony Thompson e montam a banda The Boys,um grupo de funk que não é aceito pelas gravadoras, pois faltava algum detalhe para deixá-los irresistíveis.

Finalmente os três resolvem mudar o nome, criando um conceito diferente do que havia na época, que acabou sendo o CHIC.

O Chic representava o lado mais chique e elegante da disco, com influências do Roxy Music (nas roupas e capas cheias de estilo) e Kiss (pelo anonimato da banda sem a maquiagem), eles se tornam uma verdadeira fábrica de hits.

A imagem do Chic era fundamental, com todos os homens vestindo ternos bem cortados e as mulheres vestindo as marcas daquele momento como Halston, Norma Kamali, Diane Von Furstenberg, entre outras.

O Chic teve em sua formação nomes como Lucy Martin (vocais), Alfa Anderson (vocais), Norma Jean Wright (a primeira vocalista da banda, que largou por uma carreira-solo), Raymond além das presenças eventuais de Fonzi Thornton e Luther Vandross, entre outros.

Além disso, em muitas canções, eles utilizavam a sofisticação de uma orquestra de cordas.

O Chic já emplaca dois hits disco no seu primeiro autointitulado álbum: “Dance, Dance, Dance (Yowsah, Yowsah, Yowsah)’ e “Everybody Dance”:

Mas é com o segundo, “C’est Chic”, de 1978, que eles arrebentam de vez, a começar pelos singles “I want your love” e principalmente “Le Freak”, seu maior sucesso e até hoje o single mais vendido da gravadora Atlantic em todos os tempos:

No próximo disco, “Risqué”, eles alcançam mais um hit com “Good Times”, que serviu de base para uma das primeiras canções de hip-hop, o “Rapper’s Delight” (do Sugarhill Gang), além de influenciar o Queen (“Another one bite the dust”), Blondie (‘Rapture”) e até o Daft Punk (“Around the world”).

Além disso, a base rítmica do Chic – Nile, Bernard e Tony – se aventuram em produzir (e tocar) bandas como o Sister Sledge, para o qual produzem os hits ‘He’s the greatest dancer”, “Lost in Music” e principalmente “We are Family”:

Um dos sonhos de Nile é realizado quando é chamado para produzir o álbum da diva Diana Ross, “Diana”, lançado em 1980, dando a ela dois hits: “Upside Down” e “I’m coming out”:

Inclusive, este álbum foi lançado diferente do que eles haviam concebido, pois a Motown lançou do jeito que achava. Muitos anos depois, a versão do Chic foi lançada em sua integridade.

O Chic Organization eram os produtores do momento, mas a disco vivia um momento de cansaço, com lançamentos repetitivos e astros nada a ver lançando discos com o ritmo.

Com o movimento “disco sucks”, tudo que remetia à disco é visto com maus olhos, assim o Chic vai se desgastando, com lançamentos que não repercutiam bem nas paradas.

Nile e Bernard se dedicam a outros projetos de artistas como David Bowie com ‘Let’s Dance” (1983), que faz enorme sucesso, e que, além da música-título, havia mais “China Girl” e ‘Modern Love”. Foi o álbum mais vendido da carreira de Bowie.

Neste mesmo ano, Nile lança um disco-solo, “Adventures in the land of the good groove”, que não alcança o sucesso de seus outros projetos.

No final de 1983, Nile e Bernard dissolvem a Chic Org, mas continuam fazendo coisas juntos, especialmente com Bernard como músico nas produções de Nile.

Em 1984, ele produz ‘Like a Virgin”, o segundo álbum de Madonna e que a coloca no panteão dos super astros com os hits “Like a Virgin” e “Material Girl”. Eles se apresentam juntos no Live Aid. Neste vídeo abaixo, Madonna apenas chama Nile de gênio:

Além disso, eles também produzem e participam de músicas com Carly Simon (“Why”, da trilha de Soup for One), Debbie Harry (no disco “KooKoo”), Sheila B. Devotion (“Spacer”), além de Grace Jones, Mick Jagger, INXS, B-52’s, Bryan Ferry, Sheena Easton, Peter Gabriel, Thompson Twins, e muito mais.

Num recente doc da TV alemã sobre Nile, o Daft Punk coloca ‘Why” e agradece a Nile pela inspiração, como vemos abaixo:

Mais astros querem o toque de Nile, como o Duran Duran (o remix de “The Reflex”, “Wild Boys” e o disco “Notorious).

Em 1992, o Chic resolve voltar com outra formação, mantendo Nile e Bernard, com o disco “Chic-Ism”.

Porém, num show no Japão, em 1996, Bernard Edwards passa mal após o concerto e vem a falecer de pneumonia.

Nile perdia o seu grande parceiro, aquele que imprimia ao Chic o casamento perfeito entre a sua guitarra e o baixo dele (Bernard). Ele fica arrasado e passa por um período difícil até se recuperar da perda.

Em 1996, ele perde o outro companheiro original do Chic, Tony Thompson.

Ele também via enfrentando problemas com drogas e conta todo seu drama na autobiografia “Le Freak: an upside down story of family, disco & destiny”, leitura obrigatória para quem quer conhecer mais os bafos e carreira de Nile.

No livro ele também contava sua batalha contra o câncer, que ele conseguiu vencer de vez em 2011.

Nos anos 00, Nile resolve voltar com o Chic lançando compilações, fazendo shows pelo mundo e reacendendo o interesse pela banda.

Sua música é sampleada por vários grupos de eletrônica como o Modjo e torna o Chic a banda mais sampleada da história, segundo o jornal britânico The Guardian, em 2011.

Em 2012, ele se apresentou com um grupo de estrelas da dance music no Festival de Montreux como Mark Romson, Johnny Marr, Dimitri from Paris, Alison Moyet (a vocalista do Yazzoo), Cerrone (produtor de disco), Martha Wash (vocalista de ‘It’s raining men”), intitulada “Freak Out!

Com a volta da disco, grupos e DJs redescobrem Nile Rodgers e passam a convidá-lo para tocar e produzir, a começar pelo Daft Punk no seu álbum, ‘Random Acess Memories”, puxado pelo megahit “Get Lucky”.

A música dá três Grammys para o duo eletrônico e Nile, tanto de melhor álbum, melhor gravação do ano e performance pop. Nos vocais está Pharrell Williams, que canta abaixo com Nile, Daft e para completar Stevie Wonder na abertura do Grammy:

Outro hit de Niles, Daft e Pharrell foi ‘Lose yourself to dance”:

Em 2013, o Chic também se apresentam com grande sucesso no festival de Glastonburry.

No ano passado, ele também colaborou com o Avicii, Sam Smith e o Disclosure n música “Together”.

Este ano, Nile voltou com o Chic, com outra formação e acaba de lançar dois singles, “I’ll be there” com os Martinez Brothers (numa apresentação no programa de Jimmy Kiel) e também “Back in the old school”.

O novo álbum do Chic está prometido ainda para este ano, só nos resta aguardar.

Sem dúvida, a influência de Nile seja no pop, disco, house, soul, R&B, é inestimável, seu trabalho é de primeira, por mais simples que seja a produção, o toque de Nile faz toda a diferença, que o digam todos os artistas com quem ele já trabalhou e que devem a ele milhares de discos vendidos.

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