Obama e o fim do star systems?


Com a correria de dezembro, não comentei nada sobre este artigo de Nicolai Ouroussoff - crítico do NYT - publicado dia 19 passado. Na calmaria de janeiro, vamos ao assunto. O autor começa com uma bomba: "Quem sabia há um ano que nós estávamos perto do final de uma das épocas mais delirantes da história arquitetônica moderna?". A tese é interessante. Segundo o raciocínio de Ouroussoff, "antes do cataclisma financeiro, a profissão parecia estar no meio de um grande renascimento. Arquitetos como Rem Koolhaas, Zaha Hadid, Frank Gehry, e Jacques Herzog e Pierre de Meuron, antes considerados muito radicais para o mainstream, foram celebrados como grandes figuras culturais".

Mais a frente, o crítico afirma: "mas em algum lugar do caminho a fantasia se transformou de forma errada. Como milhares de encargos de luxuosas torres residenciais, lojas de grife e escritórios corporativos em cidades como Londres, Tóquio e Dubai, projetos socialmente conscientes raramente foram realizados. Habitações públicas, um dos pilares do modernismo do século 20, foram deixados fora da ordem do dia. Também não foram realizadas escolas, hospitais ou infra-estrutura pública".

Comentando os projetos recentes dos arquitetos do star-systems em Nova York (Herzog & de Herzog, Daniel Libeskind, UNStudio, Koolhaas e Foster), ele afirma que "em conjunto estes projetos ameaçaram transformar o skyline da cidade em uma tapeçaria de ganância individual".

Bom, mas onde entra o Barack Obama nesta história? No último trecho do texto, o crítico do NYT diz que seria negativo que alguns edifícios em curso não fossem construídos. E mais: "se a recessão não matar a profissão, ela pode trazer alguns efeitos positivos a longo prazo para a arquitetura norte-americana. O presidente eleito Barack Obama prometeu investir fortemente na infra-estrutura, incluindo escolas, parques, pontes e habitações públicas". E diz que poderia haver um "redirecionamento dos nossos recursos criativos". Ou seja, aproveitando as estrelas em obras de programas mais significativos. E conclui: "esse é o meu sonho".

Mas tal provocação não passou em branco. Dois dias após a publicação surgiu a primeira resposta. Ela foi escrita por Cameron Sinclair e Kate Stohr (fundadores do Architecture for Humanity), que trabalham justamente na área que Ouroussoff quer ver o star-systems atuando. E na longa resposta deles, maior que o texto do NYT, eles escrevem algo como: "não vem não - isso aqui tem dono. Sai fora star-systems, o Obama é nosso".

E ai? O Obama é de quem?
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