Amargo Pesadelo
A muito custo, Diná conseguiu refazer sua vida depois do desaparecimento de Blake, seu marido, nas selvas da América do Sul.
Mas, dois anos depois de ter sido dado oficialmente como morto, Blake reapareceu são e salvo.
Diná tinha acabado de ficar noiva de Chet, melhor amigo e antigo assistente de Blake, e ficou muito chocada por ser de novo a mulher de Blake.
Ele tinha deixado os Estados Unidos como um homem civilizado e voltava agora como um primitivo, devido a suas experiências penosas na selva.
Depois de Chet, tão delicado, como poderia Diná entregar-se a Blake, agora quase um estranho?
Capítulo Um
Diná Chandler não conseguia pôr seus pensamentos em ordem.
Não podia imaginar uma saída para tanta confusão. Olhando pela janela fechou os ouvidos para as vozes que festejavam nas outras salas da casa.
Um estremecimento atravessou seu corpo. Não podia ser a friagem da noite, pois a casa estava aquecida. Seus olhos azuis voltaram-se para os braços cruzados na cintura.
Talvez fosse o brilho da aliança de ouro que trazia no dedo. A porta da biblioteca abriu-se e Diná se voltou. Seu cabelo, um dourado mais claro do que o anel que trazia no dedo, brilhava na penumbra.
Ficou aborrecida por sua solidão ter sido interrompida, mas logo teve uma pontada de remorso por ter sentido necessidade de se isolar nessa ocasião. Depois que fechou a porta, Chet Stanton caminhou em sua direção, sorrindo, apesar do brilho de perplexidade no olhar.
— Então foi aqui que você se meteu! — murmurou ele, com uma pergunta não formulada por trás de seu tom indulgente.
— Sim — concordou Diná, não percebendo o suspiro que saiu com a voz, nem seu sorriso forçado. Enquanto ele se aproximava, examinou-o imparcialmente.
Como ela, Chet era claro, com o cabelo cor de areia caindo com displicência na testa — sempre um convite para que alguém o recolocasse no lugar.
Seus olhos eram azuis acinzentados e não tinham o brilho que havia nos dela. Com trinta e seis anos, Chet era da idade de Blake — doze anos mais velho do que ela —, mas havia nele um ar juvenil que era parte integrante de seu charme.
Ela estava com Blake quando o conheceu, mas Diná procurou afastar essa lembrança. Esbelto e ágil, Chet era uns bons centímetros mais alto que ela. Ele parou diante dela, estudando com o olhar atento seu rosto inexpressivo.
Diná não percebeu que, inconscientemente, tentava ocultar o tumulto que havia em seu íntimo. Quando as mãos dele tocaram ligeiramente seus ombros, ela ficou passiva.
— O que é que você está fazendo aqui? — Chet inclinou levemente a cabeça, sem tirar os olhos dela.
— Estava pensando.
— É proibido pensar. — Suas mãos a envolveram e Diná cedeu àquele abraço sem exigências, descruzando os braços para apoiá-los no peito dele. Por que não?
Seu ombro havia se tornado um lugar familiar onde ela recostara a cabeça muitas vezes nos últimos dois anos e meio. Fechou os olhos ao sentir a carícia suave de seus lábios nas têmporas e no rosto.
— Você devia estar na sala comemorando ruidosamente com os outros — disse ele, censurando-a com delicadeza. Diná abafou uma risada.
— Eles não estão comemorando "ruidosamente". Eles não fazem nada "ruidosamente", nem na dor nem na alegria.
— Talvez. Mas... até uma comemoração controlada deve contar com a presença dos noivos, isto é, você e eu. Não apenas eu.
— Eu sei — ela murmurou.
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