Arabella Craig tinha 18 anos quando Ethan Hardeman abriu o coração dela para a paixão… E depois se casou com outra. Quatro anos depois, uma tragédia o traz de volta à vida de Arabella. Ele continua alto e lindo, porém amargurado após o divórcio. Ethan controla o império de criação de gado da família com mão de ferro e peito aberto. Menos no que se refere a Arabella… A convivência reacende o desejo e a dor que ela ainda sente.
Capítulo Um
Arabella estava à deriva. Era como se flutuasse em uma nuvem particularmente veloz, na vasta imensidão do céu. Murmurou satisfeita e afundou no vazio suave, até que sentiu uma dor cortante em uma das mãos. Um intenso latejar que começou a aumentar a cada segundo que passava, até se tornar insuportável. — Não! — gritou, e seus olhos se abriram. Estava deitada sobre uma superfície plana e fria. O vestido, seu lindo vestido cinza, se encontrava manchado de sangue. Parecia que tinha cortes e contusões pelo corpo todo. Um homem com um jaleco branco lhe examinava os olhos. Ela gemeu. — Concussão — murmurou o homem — Escoriações, contusões. Fratura exposta no pulso, um ligamento quase rompido. Verifique o tipo sanguíneo, prepare a paciente para a cirurgia e leve-a para o centro cirúrgico. — Sim, doutor. — E então? — perguntou outra voz, dura e exigente. Bastante masculina e familiar, mas não era a do seu pai. — Ela vai ficar bem — respondeu o médico, com resignação. — Agora, será que poderia sair e aguardar lá fora, senhor Hardeman? Embora eu compreenda a sua preocupação — e aquilo era um eufemismo, pensou o doutor —, o senhor a ajudaria mais se nos deixasse fazer o nosso trabalho. Ethan! A voz era de Ethan! Arabella conseguiu virar a cabeça e, sim, era Ethan Hardeman. Parecia ter sido arrancado da cama: o cabelo escuro despenteado, o rosto magro exibindo um ar tenso, os olhos cinzentos tão repletos de preocupação que pareciam negros. O modo como a camisa branca se encontrava desabotoada até o meio do peito e o casaco aberto dava a impressão que se vestira às pressas. Praticamente esmagava a aba do Stetson cor de creme na mão. — Bella — murmurou ele, ao ver o rosto pálido e ferido se virar em sua direção. — Ethan — ela conseguiu proferir, em um sussurro rouco. — Oh, Ethan, minha mão! A expressão dele enrijeceu. Aproximou-se da maca, apesar dos protestos do médico, e afagou-lhe o pobre rosto machucado. — Querida, que susto me deu! — Sua mão parecia de fato estar tremendo, quando lhe afastou o longo e desgrenhado cabelo castanho para trás. Os olhos verdes de Arabella brilharam em um misto de dor e alívio. — E o meu pai? — perguntou apreensiva, porque era ele quem dirigia o carro no momento do acidente. — O resgate aéreo o levou para Dallas. Tinha uma lesão ocular significativa e lá se encontram os melhores especialistas na área. Mas, fora isso, está bem. Não podia ficar aqui para cuidar de você, por isso pediu ao pessoal do hospital para me ligar. — Um sorriso amargo curvou-lhe os lábios. — Deus sabe como essa decisão deve ter sido angustiante para ele. Arabella estava sentindo muita dor para captar o significado oculto nas entrelinhas. — Mas... como está a minha mão... ?