Viagem de Amor


ROMANCE CONTEMPORÂNEO
Na suíte do luxuoso hotel, em Sidnei,
Chantal mais uma vez percebeu sobre a mesa um daqueles telegramas ameaçadores. Quem seria o autor das mensagens? Talvez algum louco, ou apaixonado! Justamente agora, que sua vida começava a se refazer. Conquistara o amor de Richard, nenhum outro homem poderia fazê-la feliz. Mas como entregar-se de corpo e alma a ele, se após cada encontro, cada momento de paixão, uma carta anônima sempre lhe diria: "Você vai se arrepender!"

Capítulo Um
Sidnei. Como seria essa cidade? Chantal pensava, enquanto terminava de tomar seu café. Pelas fotografias que havia visto, era uma cidade dinâmica e excitante, com muitas praias para que pudesse relaxar e esquecer todo o sofrimento que tivera nos últimos meses. Chantal não tinha a menor ideia do que faria. Sentia que sua vida agora não tinha razão de ser. A chuva batia insistentemente na janela da cozinha e o vento forte fazia com que as folhas caíssem, forrando o gramado. Era o fim do outono. E o inverno se aproximava. Na Austrália seria primavera, quente o suficiente para que pudesse ir à praia. Suspirou longamente, jogando os cabelos para trás. Por alguns minutos, fitou a irmã sentada a sua frente. — Quero que vá para Sidnei comigo — disse Dominique em francês. Só falava inglês quando era mesmo necessário. — Mamãe insistiu para que a levasse comigo. Não há mais razão para que continue a morar nesta cidadezinha de interior. Chantal olhava para a irmã, irritada com o modo como falava. Dominique era loira, linda, mimada e bastante esnobe. Havia se casado com um milionário australiano, tivera um bebê e se divorciara num espaço muito curto de tempo: dezoito meses. — Não há nada de errado em Perrydale, Dominique. Nasci aqui, morei minha vida toda aqui e além do mais sempre gostei daqui. Você também nasceu em Perrydale, está lembrada? — Não gosto nem de lembrar, chérie — Dominique respondeu com ironia. — Apesar de tudo, venha para Sidnei comigo. É uma cidade maravilhosa, você vai adorar o hotel. Não havia mesmo nada que a prendesse em Perrydale, e mesmo antes que pudesse se controlar começou a chorar copiosamente. O sofrimento tomou conta de Chantal e ela engoliu em seco. O pai estava morto. E ela não se conformava com sua morte. Ele havia sido a única razão que a prendia a Perrydale, Illinois. A irmã, Dominique, morava na Austrália, com a mãe. Ela havia amado muito o pai. Tinham muitas afinidades. Entretanto, quando os pais se divorciaram, preferira ficar com ele enquanto a irmã preferira ir para a França com a mãe, que pertencia à alta sociedade e nunca se acostumava a ser a esposa de um médico de uma pequena e pacata cidade americana. Dominique tinha razão. Não havia mais motivos que a prendessem a Perrydale. Quatro meses atrás havia rompido com seu namorado, David. E quatro dias atrás seu pai havia morrido de repente, de enfarte. Muitas perdas, num espaço muito curto de tempo. Apertou os olhos, como se aquilo pudesse apagar as tristes lembranças de seus pensamentos. Havia morado em Perrydale durante vinte e sete anos, mas era como se nunca o tivesse feito. Sentia-se uma estranha naquela pequena cidade de interior. Sua mãe era francesa e costumava passar todos os verões no sul da França, com sua abastada família francesa.

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