Tentação Cigana


ROMANCE CONTEMPORÂNEO
Com um sorriso irônico nos lábios,
Dave Pendleton estende a mão para a cigana ler sua sorte, e Shea Bellwood, ao sentir-lhe o calor da pele quente e áspera, fica toda arrepiada. Atordoada pelo magnetismo desse homem enigmático, Shea pensa em abandonar tudo e fugir para bem longe. E se ao decifrar-lhe as linhas das mãos acabasse enredada nos mistérios que iria desvendar?

Capítulo Um
Shea Bellwood recuou, assim que abriu a porta do táxi, ao sentir no rosto uma forte rajada de chuva. Levara dias para chegar até ali: exatamente cinco dias de vôos e enjôos, cinco dias de espera em terminais superlotados, aguardando alguma desistência de última hora, ou de corridas frenéticas para pegar algum ônibus quando não conseguia passagem aérea. Foram dias de luta, carregando duas malas enormes por toda a parte, e com o medo de acabar perdendo seu estoque de prata e todas as ferramentas. Nunca, até então, se sentira tão cansada. — O senhor me espera, não é mesmo? — perguntou ansiosa ao motorista. — Moça, eu ainda não recebi a corrida... — o homem respondeu, recostando-se no banco e puxando o boné sobre os olhos. Shea apertou a fina capa de chuva contra o corpo e saiu correndo, saltando as poças de água e tentando evitar os galhos de azaléias e de camélias que, margeando o caminho estreito e mal-cuidado, roçavam suas pernas. Ia bater à porta quando uma mulher muito agitada abriu-a de repente. Shea mal teve tempo de saltar para o lado e evitar que se chocassem. — Minha nossa! Assustei você? Desculpe! É que eu queria chegar ao correio antes que fechasse. — A mulher deu uma olhada no relógio e fez uma careta. — Droga! Não vai dar tempo... Shea cruzou os braços bem apertado, numa tentativa de se proteger do frio. Seria aquela a esposa do sujeito que ela viera procurar? Devia ter uns quarenta e tantos anos, e ainda era atraente, apesar dos pêlos de animal grudados na capa que usava sobre a calça larga de flanela. Ela olhou para as roupas da outra com certa inveja. Não tinha pensado em comprar nada mais quente, pois não sabia o que iria fazer da vida depois que toda aquela odisséia terminasse. As roupas para o calor do México certamente nada tinham que ver com aquele inverno gelado da Carolina do Norte. — Escute, o seu... — começou a dizer. — É melhor entrar, antes que congele — a mulher a interrompeu. — A calefação está ligada só na cozinha, mas a gente pode, ao menos, sair deste vento gelado. Shea olhou hesitante para o táxi, e a mulher percebeu. — Se quiser dispensá-lo, eu lhe darei uma carona depois. Mas esse táxi é de Wilmington, não é? Shea assentiu, estremecendo quando uma rajada mais forte abriu sua capa. Tinha chegado a Wilmington de avião e de lá viera de táxi. — Bem, não sei... Eu vim apenas entregar uma carta para o seu marido.


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