Pelos Caminhos da Paixão


ROMANCE CONTEMPORÂNEO
Ela abandona o emprego para morar com a tia que a criou e lá começa a trabalhar para um magnata do petróleo.










Capítulo Um
O silêncio que pairava sobre a sala atulhada de livros, ocupada pelo diretor do Departamento de Ciências de uma conhecida universidade escocesa, era por demais eloquente e revelava um indisfarçado constrangimento. Catherine, de cabeça baixa, fingia estudar os padrões de sua saia xadrez, decidida a conter as lágrimas. — Menina, por que você está tomando semelhante atitude? O professor Sandwick estava evidentemente intrigado e, após examinar pela segunda vez a carta que a jovem havia colocado sobre sua mesa no dia anterior, sentou-se e concentrou toda a atenção naquela garota loira, que possuía a calma dignidade de uma princesa viking, e que tinha demonstrado, a partir do primeiro dia em que começou a trabalhar para ele, tenacidade, determinação e firmeza de caráter, sem dúvida herdados de seus decididos antepassados das ilhas Shetland. — Você por acaso acreditava que, após apresentar sua carta de demissão, não seria convocada para dar uma explicação mais pormenorizada? — O professor continuou. — Você usou o termo "compromissos familiares", a fim de justificar sua fuga. Devo lembrar-lhe que essa expressão era utilizada, há alguns anos, pelas jovens que pediam demissão por estarem na véspera de seu casamento, ou por senhoras casadas que antecipavam a chegada de um bebê. No entanto, as leis que concedem a igualdade de oportunidade para as mulheres as dispensaram de sacrificarem suas carreiras em nome dos compromissos familiares. Catherine, se você tem o casamento em mente ou se descobriu subitamente que está grávida, não precisa exagerar suas reações. Poderemos conseguir facilmente um afastamento provisório. Catherine levantou-se, indignada com o professor, a quem sempre considerara como um amigo, uma figura paternal. Ele era muito perspicaz e sempre que sentia que Catherine estava nostálgica e saudosa de sua casa, situada em uma remota ilha do mar do Norte, acumulava-a tanto de trabalho, que ela ficava com muito pouco tempo para se entregar à solidão ou cair nas armadilhas que a autopiedade lhe preparava. O professor Sandwick, especializado em psicologia, cuidava com grande experiência daquela garota que tinha apenas dezesseis anos quando a conheceu, que crescera em um ambiente isolado e era extremamente tímida, a ponto de não conseguir se relacionar com as pessoas de sua idade.
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