Imagina na Copa: tudo o que aconteceu enquanto você tentava absorver o look da Claudinha
(um breve blábláblá antes da crônica) Em 2010, tentava me imaginar com 21. Lembro-me, como se fosse hoje, a cena - debaixo do chuveiro, com dezessete, esperando os meus vinte e um. Era Copa. E eu imaginava como estaria dali a quatro anos. Resultado? Bem, eu quase não lembro nada (mesmo) dos jogos e nem de mim! Quero registrar tudo o que aconteceu nesse Mundial para ter a chance de revivê-lo. Quero registrar minha visão agora para ler daqui a quatro anos e pensar ‘Ah, meus 21 anos...’
15 de julho de 2014
Vem cá, gringo, não repara a bagunça não.
Preenchendo o bolão, no trabalho, as clássicas dúvidas femininas. — O Chile é bom? (Veríamos, em um sofrido jogo que foi para a prorrogação, que foi para os pênaltis). — Pode empatar nas oitavas de finais? A decisão vai pros pênaltis? (Ô se vai! Garantindo a partida de, olhe só quem!, Brasil e Chile, com o gol decisivo de Neymar nas grandes penalidades).
Bandeirinhas, camiseta verde e amarela, carros carnavalescos com acessórios do Brasil. Está dada a largada: de galinha pintadinha, Cláudia Leitte sobe ao palco junto à J-Lo e ao Pitbull (no dia seguinte, no trabalho, todo mundo repedia ‘Mas quem é esse cara?’) para abrir o evento com uma música que ninguém gosta e mesmo assim é obrigado a ficar com ela na cabeça. We are one (até começar os jogos e acabar com esse negócio de ‘we’). O tal look da Claudinha (todo mundo preferia a Ivete, e faz questão de comentar) foi falado por dias na internet. Com direito a 40 mil pedras de cristais lapidadas e uma parte banhada a ouro nas costas, a peça e os acessórios utilizados pela cantora (incluindo sandália, anéis e brincos) foram avaliados em R$ 2,7 milhões. Se perguntar, ninguém usaria (a não ser em uma festa infantil...), mas, melhor a gente falar de futebol!
Que comecem os jogos com gol contra do Brasil! Porque povo nosso é sofrido e feliz à toa e tudo bem abrir a Copa em casa com um gol contra. Né? Calma, o que? Então o Marcelo decide dar uma pequena força ao nosso primeiro adversário, fazendo O polêmico gol em meio à galera se perguntando ‘ué, mas o Brasil não tinha comprado a Copa?’. Brasil - Croácia 3x1. Próximo. Jogo morno, sem graça, preguiça até de comentar (não contávamos com a astúcia do goleiro mexicano Ochoa - um enrolado magya estilo David Luiz. Mentira, não chega aos pés de David Luiz♥). Brasil - México 0x0. Gente postando foto de camarão no instagram, fazendo festa, comemorando. Próximo. Brasil - República dos Camarões 1x4. Eaí nos achamos (num estilo ‘essa Copa está ganha e agora é mole e é tudo nosso’). O jogo contra o Chile... Bem, vocês sabem. Sofrido - a previsão de que as coisas iam ficar piores do que a má sorte de encontrar um gato preto passando debaixo de escadas numa sexta-feira 13 após quebrar um espelho (sorte que não somos supersticiosos, mas ainda assim tivemos 7 gols de azar). Next.
‘Espero que você se recupere logo, amigo’ (Messi)
Brasil e Colômbia. Ih, polêmica: povo feliz e gritando chupa Shakira Waka Waka eh eh até descobrir que nosso bambambam está fora da Copa. Brasil ganha o jogo da Colômbia e perde o Neymar: Zuniga dá uma joelhada no craque aos 40’ do segundo tempo e faz o brasileiro sair do estádio a choro desolado. Zuniga não ganha um cartão amarelo sequer. Os torcedores se revoltam, cobram uma resposta da FIFA (que nada faz) e xingam muito no twitter. Neymar está fora da Copa? AIMEUDEUS. #ForçaNeymar. O Brasil fica triste. James Rodríguez também. Ele chora no final do jogo (mas, apenas porque está indo embora do Mundial). David Luiz o consola. O colombiano dispara: ‘Se todos os jogadores fossem como David Luiz, teríamos um futebol muito mais limpo’. David Luiz lindo. David Luiz herói. David Luiz cacheado magya. O cacheado, de repente, ganha mais graça e atenção dos brasileiros. Brasil - Colômbia 2x1. É a hora do povo brasileiro mostrar a sua força sem Neymar ou Thiago Silva (só que, enquanto você leu isso, outros 8273 gols da Alemanha): o começo do nosso chororô. Meia hora de jogo, 5 gols da Alemanha e o Brasil nem triste tava - não dava tempo de reagir a tantos gols. Brasil - Alemanha 1x7. Os tais 7 anos gols de azar. E como ‘felicidade de pobre dura pouco’, estávamos pobre de espírito e medrosos quando, do lado de lá, Holanda e Argentina disputavam a vaga para a final. Melhor encarar a Argentina com o time e orgulho feridos ou deixá-la à mercê de um jogo decisivo (que renderia a taça)? Deu Argentina na final e deu Holanda dando mais gols: Brasil - Holanda 0x3, fechando em 10 o número de gols sofridos pelo Brasil em (apenas) dois jogos.
E o resto da Copa? O resto da Copa continua lindo! Teve gringo comendo nossa amada salve salve farofa, torcedor vestido de iogurte grego no jogo Grécia x Colômbia, zebra e Cristiano lindo Ronaldo indo embora mais cedo do que esperávamos no Mundial; Teve a mordida do uruguaio Suárez no ombro do jogador italiano Chielini (e a punição da FIFA tão agressiva quanto o ato) e, inclusive, teve vagas de emprego! - A tal da torcedora belga que acabou assinando um contrato com a L’Oréal, após chamar a atenção do mundo todo (e duas vezes, porque o contrato não durou muito, já que foram descobertas fotos polêmicas da garota caçando #DeuRuim). Teve Alemanha nos consolando, dando show de Brasilidade, humildade e simpatia... e levando a taça, com o gol do Götze na prorrogação. E o Fred?
O Fred jogou nesse Mundial?
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