Sobre plantar e colher o bem

Crescemos ouvindo falar em valores, crenças, virtudes e em como fazer o bem sem olhar a quem ou plantar o bem para colher o bem, não é assim com vocês?

Nossos pais nos ensinam a respeitar as pessoas mais velhas, a tolerar, a ajudar, a compartilhar nossas coisas e nosso tempo com pessoas que precisam. Auxiliar o próximo, praticar atos de bondade, ouvir o que o outro tem a dizer, reservar um tempo para visitar pessoas queridas, praticar o amor, a paciência, a tolerância e nunca esquecer que assim como o outro precisa de nós agora, em algum momento nós também poderemos precisar do outro.

Pensar no próximo é complicado, complexo, difícil e nossa natureza (maioria) egoísta ou bolha nos faz pensar primeiro em nossa própria vida. Não que seja errado, totalmente errado, até penso que deve ser assim, desde que quando alguém realmente precisar da gente, estejamos dispostos a oferecer o que temos de melhor.

Nessa época nossa generosidade e nossos bons sentimentos e pensamentos afloram com o clima de natal e final de ano, todo mundo resolve fazer ações sociais, sair distribuindo presentes, ceias e o que mais achar que pode colaborar para deixar a noite de alguém menos favorecido mais feliz. Mas será que essa preocupação não deveria ser no ano inteiro? Será que as pessoas não precisam ser cuidadas o tempo inteiro? Crianças precisam de mais que um brinquedo no Natal, precisa de carinho, de educação, de alguém de mostre o caminho e ofereça as ferramentas para poder seguir por esse caminho.

O mesmo vale para as nossas relações de trabalho, para o trânsito cada vez mais caótico e perigoso, para os vizinhos, os amigos e a família. Sim, porque na pressa, na nossa preocupação com nossas vidas, esquecemos até de quem é mais importante. Ser simpático, atencioso ou generoso só em datas festivas é o mesmo que fazer dieta só perto do verão, não nos transforma de verdade.

Acho que podemos fazer melhor, podemos ser melhores. Pensar antes de agir, distribuir palavras de afeto e alguns sorrisos sinceros, se interessar pelo outro muito além do bom dia, ignorar ações agressivas, afastar-se quando preciso e voltar em outro momento. A mudança vem aos poucos e de dentro de nós. Se o outro não está a fim de mudar, tudo bem, cada um tem seu tempo, seu fardo, sua lição a aprender na vida, mas nós podemos começar hoje, podemos plantar coisas boas todos os dias.

As sementes da mudança são nossas pequenas ações diárias. Dar o braço a torcer não é feio, não é ser fraco, admitir um erro e pedir desculpas também não. Apostar em verdades (não absolutas) com bom senso, saber ouvir uma opinião contrária e admitir que cada um tem seu lado, sua versão e todos podem ter razão.

Ao longo da vida vamos colhendo aquilo que plantamos com as lições dos nossos pais e avós, da vida, das relações de trabalho e amizades, ao longo dos dias podemos continuar plantando sementinhas que transformem a nossa rotina.

O retorno vem em forma de mais sorrisos, de mais tolerância de volta, de mais paciência e de muitas coisas boas, pois a energia que emitimos com nossas ações é o presente que retorna na mesma sintonia: vai de cada um escolher o que quer de volta.

Como disse J. F. Botelho na Vida Simples desse mês, “vivemos em um mundo cheio de opiniões” e cada um acha que sua verdade é mais verdade que a do outro.

Conviver com as diferenças, tolerar essas diferenças e respeitar o próximo não pode ser tão difícil assim. Fazer o bem a vida inteira, plantar frutos virtuosos para que a colheita seja doce e farta de amor e compreensão, isso sim tem importância num mundo cada vez mais encimesmado, mimimizado e egoísta, apesar de todo o papo de globalização.

Quem planta amor colhe felicidade pura e simples.

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