Alguns filmes na corrida aos Óscares





Daisy Werthan: Hoke?
Hoke Colburn: Yes'm.
Daisy Werthan: You're my best friend.
Hoke Colburn: No, go on Miss Daisy.
Daisy Werthan: No, really, you are...
(Takes Hoke's hand)
Daisy Werthan: You are.
Hoke Colburn: Yes'm.


American Sniper: Filme muito bom, um bocado a dar para o pró-Americano (nisso a Kathryn Bigellow com o seu "Hurt Locker" que ganhou Óscar de melhor filme, teve a inteligência de se distanciar, mantendo o filme como um simples filme de guerra). Há também um ou outro aspecto cuja veracidade tenho algumas dúvidas. Fora isso, vê-se muito bem, está bem feito e parece contar em 90% a verdade dos factos. Qual verdade? A verdade de que há quem acredite em armas de fogo e esteja pronto a tudo para defender aquilo que entende ser a sua pátria (mesmo que essa pátria esteja em solo Iraquiano). Sou suspeito porque considero Clint Eastwood como um dos melhores realizadores da nossa geração. Nunca vi um filme mau dele e julgo inclusivamente que teve muita coragem em realizar um filme como o "Hereafter" sobre pessoas que tiveram experiências com o pós-morte.

Jogo de Imitação: Filme muito bom, um bocado a dar para o pró-Britânico, talvez o principal candidato a Óscar de melhor filme. História bem contada mas com alguns factos históricos também aldrabados. (But hey, nunca ninguém pediu à malta do cinema para ser a indústria da verdade ... e se o fosse nunca poderia ser a Terra dos sonhos, right?). A ideia de fundo é efectivamente verdade. Alguns dos que mais fizeram pelo Mundo livre na principal Guerra do Séc. XX viveram no anonimato e foram inclusivamente alvo de algumas injustiças. O fim do prazo de 50 anos sobre a revelação dos segredos de Estado e filmes como este trazem alguma justiça ao nome de heróis que nunca chegaram a ser aclamados em vida. Fora isso este filme não escapa ao género de onde brota.

Foxcatcher: Filme banal, fotografia fixe da América rural, muita tensão psicológica e um grande papel do Steve Carrell (que provavelmente lhe vai valer um Óscar). Nada mais. Mesmo nada.

Invencible: Filme bastante bom, com uma óptima realização da Jolie (talvez seja só impressão minha mas realmente parece-me que ela tem toques de Clint Eastwood (que já a dirigiu no Changeling) na forma como realiza os seus filmes, conta as personagens de forma humana e sem pressa de julgar), absolutamente verídico mas um murro no estômago para quem vê. Um pouco como a "Lista de Schindler", sabes que é um bom filme só que desde a primeira vez que o viste nunca mais o voltaste a ver.

Birdman: Excelente realização mas um filme banal, um argumento fantasioso e impossível. Não é especialmente cómico. Apenas extravagante. E também um bocadinho seca e depressivo. Next.

Interstellar: Interessante o argumento (a humanidade pode estar de saída aqui do quintal) e talvez a mensagem, mas nada de verdadeiramente singular neste filme.

Grand Budapest Hotel: Moderadamente cómico (sem qualquer probabilidade de fazer rir de verdade), um filme pitoresco (assim como o Amélie Poulin era pitoresco), argumento fantasioso, que mistura Ralph Finnes e Tilda Swindon. Assim tipo casa de bonecas. Bom, vê-se bem mas nada do outro Mundo.

Gone girl: Um policial escuro, da caça entre gato e rato, e ainda para mais que faz uma reflexão sobre o papel dos Media (é mais útil dizer a verdade à Polícia ou contar com o apoio mediático? Ainda agora com José Sócrates se está a ver onde o arguido prefere lutar ...). Tem originalidade e o argumento é excelente mas há partes que simplesmente não me parecem credíveis. Aliás a ironia da credibilidade do cinema é que há filmes que só poderiam ser tão bizarros se fossem ... histórias verídicas. Falta qualquer coisa para ser um grande filme. E falta muitíssimo para ser o melhor filme do ano. Fora isso, vê-se bastante bem.

O que é que eu que quero, Carlos Alberto? Fo - der. Talvez seja uma visão romântica do cinema mas eu prefiro, apesar de ser um miúdo na altura, as longas metragens que tínhamos nos anos 80 e 90 - como o África Minha, o Último Imperador ou o Driving Miss Daisy (esse maravilhoso conto de amizade entre uma senhora judia rica e o seu motorista negro, em que ambos descobrem que numa América racista e anti-semita não têm assim tantas diferenças entre ambos). Grandes produções e muito story telling. Nada de errado com a violência em película - Os Padrinho e o Pulp Fiction não podem estar errados - mas só resulta se tivermos um motivo, um factor humano.

E quanto a este ano? Ainda não vi um único grande filme, daqueles que entre na História. Mais do que isso, tenho sentido ano após ano, a qualidade dos filmes a descrescer, uma indústria em decadência de bons argumentos e mais focada em retorno financeiro por cada filme, geralmente à custa de manhas artificiais que simplesmente retiraram glamour à arte cinematográfica. A última vez que vi dois filmes a roçar o genial em disputa lado a lado foi daquela vez (2008) em que The curious case of Benjamin Button lutava palmo a palmo com o Slumdog Millionaire (e ganhou a favela). Algum dos filmes deste ano poderia realmente bater qualquer um desses dois? E mesmo entretanto, quantos dos filmes que efectivamente vieram a vencer o Óscar de Melhor filme desde então eram melhores do que qualquer um desses dois? O Hurt Locker? O Argo? O King's Speech? Bitch, please. Para mim o cinema ainda é acerca de grandes contos, que maravilhem, que extraiam o cidadão às suas preocupações mundanas. Just like Chaplin would.


Ps Eu sei, não vi o Boyhood e mais um ou dois. Lá chegaremos. Além de que confio muito no circuito independente. E também no não-Americano.
  • Love
  • Save
    Add a blog to Bloglovin’
    Enter the full blog address (e.g. https://www.fashionsquad.com)
    We're working on your request. This will take just a minute...