Irremediavelmente eu.


Caiu a neblina lá fora, o cenário já visto e lido tantas vezes antes por fim voltou. É hora de escrever. Na verdade queria escrever um poema muito bonito, mas poemas não são meu forte. Meu forte, e meu fraco, é vomitar em frases longas tudo o que dói aqui dentro. Não só o que dói, o que reflete, o que ilumina. Mas principalmente as coisas que doem, porque essas não são exaladas em sorrisos que iluminam o dia, a semana, mas são transfiguradas em lágrimas que levam pra longe a luz, enquanto só escurece, e é tudo meio noite. No poema eu queria mostrar dois lados, o lado da menina (vamos fingir que não sou eu) que chora, sofre, tem pesadelos e ainda muito amor dentro de si. E também o lado da menina que quer seguir o conselho que deram a ela, um conselho sábio e que foi dito de todas as formas possíveis. Brilha! Volte a se apaixonar por você, se reencontre, reencontre as coisas que te amam e te faz feliz. E ela mais do que tudo ta lutando pra isso, e quer sorrir, quer encontrar essa paz zen-budista que tanto falava antes. Mas a menina também chora, de saudade, de amor, de não saber o que fazer, de sentar no sofá e gritar, chorar. Essa menina nunca soube o que era o amor na forma real, nunca tinha tirado o amor do papel. Até que um dia perguntou se alguém pulava com ela, e ele pulou. Encantada com a realidade do seu sonho e a razão de sua vida, o amor, viveu intensamente por muito tempo. Muitas gargalhadas gostosas lhe encheram os ouvidos, muitas noites de conversas nas quais explicava pra ele que só trabalhava com a verdade. Muita risada pelo o que ele deixava escapar da boca quando nem no segundo encontro estavam ainda. Na saudade que descobriu quando se aventurou num amor quinzenal louco, sendo dilacerada pela saudade, que estava descobrindo. Junto com a primeira noite compartilhada, a primeira trip, a primeira pessoa que só de estar perto dava a certeza de que qualquer problema, qualquer obstáculo poderia ser superado. A menina que escreveu sobre declarar amor e tentou descrever durante toda a duração deste o que sentia, obviamente nunca conseguindo. E sempre gritando que TE AMO nunca diria o suficiente. Sempre assustada, junto com ele com aquela paixão que nunca parava de crescer. "Absurdo" qualificaria muita coisa. A menina, seguindo todas as coisas que afirmavam quem ela era, obviamente nunca pensou no possível fim. No máximo imaginava que se acabasse seria pelo amor, que já teria sido todo explorado, e dele só sobraria o carinho. Sempre sonhadora essa menina. Acontece que de repente se viu obrigada a parar esse sentimento. Aquele mesmo que dia após dia, durante muito tempo, nunca parou de se expandir. Não havia acabado o amor, o amor não foi embora, abaixou as portas, fechou negócio. O amor ficou lá, e agora, o que fazer? Pensou ela que ou viveria com ele pro resto da vida, lhe assombrando quem sabe, ou mataria este amor dentro dela. Pensou que matar amor seria horrível, porque ficaria a carcaça ali, apodrecendo, nunca indo embora. Todos os amores "não reais" de antes haviam ido embora, mas o que fazer quando ainda havia amor e ele se recusa a ir embora? Não quero matar, nem se quisesse poderia. É o que dizem, essa menina é uma irremediável e dramática romântica. Tentando seguir em frente, entre choros, e a busca por si mesma em um café, no dia em que o tempo combinou com sua alma acabou por perceber o quão frágil era, tentando ser forte, franca e tudo aquilo que era, tudo aquilo que a encorajavam voltar a ser. Sempre preocupada com o outro, com a dor, com o cuidar, o não mentir, o não fazer mal. Percebendo que tudo o que ela era antes, a menina sonhadora, que se recusava a mentir para qualquer um, que sempre queria o bem e critica o ego do menino, era tudo o que a levava para onde estava. Perdida, entre a esperança que não consegue deixar morrer, junto a procura pelo seu eu, e as lágrimas que vem a noite, quando a saudade (igualzinha de quando tinha que suportar duas semanas sem ele) apertava forte. As músicas, as frases, os livros tudo lhe gritando que o que é verdadeiro volta, mais forte, na hora certa. Deveria ela acreditar nisso, e permanecer com a esperança nisso até que um dia se realize ou um dia sai de seu coração por livre vontade? Se eu seguir o conselho de quem (logo quem!) no início de tudo disse para ela seguir seu coração, deve sim acreditar no amor, e na força dele. Na probabilidade dele voltar, de um dia se encontrarem em alguma esquina do mundo e explodir todo aquele amor. Mas essa menina é dupla face, ela também chora a noite, quando toda essa esperança vai embora e sobra espaço no abraço. Ela pensa que tudo é mais difícil quando ainda há aquele amor ali dentro, que não morre, e se obrigada matá-lo ficará a carcaça, o fantasma. Ah, essa menina. Complicada nunca deixou de ser, mas também não precisava evoluir... Ou precisava? Como já disse uma vez, Deus (ou o Diabo) quis fazê-la assim: drasticamente Caroline. No meio de tantas esperanças, amanheceres, e desejos de "que seja doce", as noites de insônia, os soluços, os pesadelos não a abandonam. Isso é transição? "Vai passar, deixe estar"??? Ele disse pra ela, lá atrás, "SIGA O SEU CORAÇÃO E ESTARÁ CERTA NO QUE DECIDIR", ele disse quando ela perguntou se ele pulava "JÁ PULEI". Será que ele tá seguindo o coração dele? Mas é óbvio que ela quer saber o que se passa na mente dele. Ela continua ela, irreversivelmente curiosa, e mesmo sendo enrolada não desistindo das respostas de suas perguntas. Sim, estou voltando no tempo. Ela nunca passou por isso, e não faz ideia do que fazer. Mas está lutando diariamente, embora algumas lágrimas a vencem vez em quando, para seguir o último conselho que ele a deu, VOLTAR A SER QUEM ERA NO INÍCIO. Certamente ela sabe que este é o caminho e o conselho mais sábio, e sem dúvidas corre atrás disso. Sem dúvidas estamos falando da mesma garota de 1 ano e alguns meses atrás. Qualquer um que vê nos olhos dela o brilho de prosperar e dedicar-se a si mesma vê também que há esperança neste brilho. E ela responde meio choramingando que sim, não pode negar. Não sabe mentir, não sabe ser nada além de frágil e cheia de fé nas coisas e nas pessoas. A menina de antes, toda cheia de si querendo convencê-lo do seu papo budista, ainda vive. E ela comemora, até sorri por vezes faz até piada, mas o amor não dado continua ali no cantinho, choramingando quando vê a neblina que reside nela cair sobre o dia lá fora. E ela chora, mas já que jurou voltar a ser como antes, continua com a esperança doída de que no final das contas, o conto de fadas acontece. Antes disso tudo era ela, sozinha, com esse olhar excepcional sobre o mundo, meio incompreendida (coitada!). Aí ela encontrou ele, um companheiro. Agora não sabe o que faz, o que pensa, no que deve ou não acreditar. Mas induvidavelmente ela, acreditando em sunshine lollipops and rainbows.
Assinado: Irremediavelmente, EU!


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