Um Beijo Ao Luar


ROMANCE CONTEMPORÂNEO

Quando Ramon aproximou-se,
deixando entrever nos olhos negros a chama do desejo, Meriel lembrou-se de uma outra noite perdida no passado, os lábios dele pela primeira vez tocando os seus numa suave promessa apaixonada... Mas depois, inexplicavelmente, ele a expulsara de sua vida, a mandara embora da Venezuela. Agora que se reencontravam, seria possível refazer a magia, esquecer a mágoa que os tornara por tanto tempo inimigos?

Capítulo Um
Meriel atravessava o elegante salão de entrada da Mackenzie Press em direção aos elevadores quando ouviu a voz da recepcionista anunciar: — Srta. Curtis, telefone. É uma ligação internacional. — Mande esperar, por favor. Vou atender na minha sala. Meriel sorriu satisfeita ao entrar no elevador. O telefonema só podia ser da França. O cliente prometera uma resposta para aquele dia, caso aceitasse os termos da proposta. Stewart Mackenzie poderia escolher o smoking e preparar o talão de cheques. Ele perdera a aposta e, agora, teria de levá-la para um jantar no restaurante mais caro de Londres... Mordeu o lábio, antecipando a satisfação de descer à sala do chefe e lhe dar a boa notícia dali a alguns minutos. Fora uma batalha de semanas, inúmeras reuniões e longas conversas telefônicas. Por fim, ela vencera. Conseguira para a empresa um dos clientes mais poderosos do mercado. Isso reafirmava seu prestígio como relações-públicas. Mas nada se igualava à satisfação pessoal de mais uma vitória na carreira à qual se dedicava de corpo e alma. Desceu do elevador, apressada, os cabelos loiros e fartos esvoaçando-lhe ao redor do rosto bonito a cada movimento do corpo ágil, esguio. Ao alcançar o intercomunicador, respirou fundo, contendo um pouco a animação. Em seguida, tirou o fone do gancho com movimentos compassados. — Tudo bem, Sandra, pode completar. Estou na minha sala. — Sim, Srta. Curtis. Sua ligação da Venezuela. Por um instante, uma confusão de pensamentos dominou Meriel. Emoção, angústia e desagrado se fundiram dentro dela numa estranha alquimia ao ouvir a pronúncia suave do próprio nome em castelhano. — Meriel? Seguiu-se um silêncio ansioso do outro lado da linha. Meriel acomodou-se na cadeira estofada, refazendo-se aos poucos da surpresa. Esperava por tudo, menos ouvir de novo a voz de Ramón Ortiga. E justo naquele momento, quando estava tão feliz! — Estou ouvindo — respondeu sem disfarçar a má vontade. — Pensei que tivesse desligado. — Fiquei espantada, só isso. Esperava uma ligação de Paris, não da Venezuela. — Desculpe roubar seu tempo precioso. Sei que é uma pessoa ocupadíssima, mas precisava demais falar com você. A chamada de Paris terá de esperar um pouco. Irritada, Meriel apertou o receptor com força. Ramón continuava arrogante como sempre. Conseguia até vê-lo sentado na beira da escrivaninha do escritório da fazenda, os olhos negros faiscando de raiva. Com certeza, ainda pensava nela como a adolescente tímida e assustada de anos antes. Mas agora, ela se livrara de vez da dominação dos Ortiga e o orgulho da família não a intimidava mais. — Pode me dizer logo do que se trata, Ramón? Já deve saber que estou trabalhando, não gosto de misturar assuntos pessoais com negócios. Poupará seu dinheiro e meus nervos se for direto ao assunto... — Desta vez não, Jhumbo. Quero ir sozinha... “E pôr os meus pensamentos em ordem”, continuou para si mesma, enquanto descia os degraus.




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